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🧫 Análise de Mycobacterium no Alimento: Importância, Métodos e Segurança Alimentar

Introdução


Entre os diversos microrganismos que podem representar risco à saúde humana, o gênero Mycobacterium tem se destacado por sua relevância clínica, ambiental e sanitária.


Embora mais conhecido pelo papel de espécies patogênicas como Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae, associadas a doenças de grande impacto histórico, esse gênero também inclui espécies não tuberculosas (MNTs) que podem contaminar alimentos e produtos de origem animal.


A análise de Mycobacterium no alimento é uma etapa essencial para garantir a inocuidade dos produtos, especialmente em cadeias de produção que envolvem leite, carne e derivados.


Essa análise visa detectar a presença de micobactérias patogênicas ou oportunistas capazes de sobreviver a processos tecnológicos e representar risco à saúde pública.


O objetivo deste artigo é apresentar uma visão abrangente e técnica, mas acessível, sobre o tema — explicando o que são as micobactérias, como elas podem estar presentes em alimentos, quais métodos são utilizados para sua detecção e por que os laboratórios especializados desempenham papel fundamental na proteção da saúde coletiva e no cumprimento das exigências legais e sanitárias.


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O que são as micobactérias e por que elas preocupam?


As micobactérias são bacilos aeróbios, imóveis, não esporulados e caracterizados por uma parede celular rica em lipídios — principalmente ácidos micólicos — que lhes confere uma resistência extraordinária a agentes químicos, desinfetantes e condições ambientais adversas.


Essa estrutura peculiar também é responsável por sua coloração característica na técnica de Ziehl-Neelsen, que as classifica como bactérias álcool-ácido resistentes (BAAR).


O gênero Mycobacterium pertence à família Mycobacteriaceae e inclui mais de 190 espécies conhecidas. Elas podem ser divididas em dois grandes grupos:


1. Micobactérias do Complexo Mycobacterium tuberculosis (MTBC):


Patogênicas para humanos e animais, destacando-se M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. caprae e M. microti.



2. Micobactérias Não Tuberculosas (MNTs):


Espécies ambientais, como M. avium, M. intracellulare, M. fortuitum, M. kansasii, entre outras.


Embora não sejam típicas causadoras de tuberculose, algumas podem provocar infecções oportunistas, especialmente em indivíduos imunossuprimidos.


A principal preocupação em alimentos está associada a espécies zoonóticas, especialmente M. bovis e M. avium subsp. paratuberculosis (MAP).


Essas espécies podem ser transmitidas de animais infectados para humanos por meio do consumo de produtos de origem animal contaminados, como leite cru, queijos artesanais e carnes mal cozidas.



Fontes de contaminação e riscos à saúde pública


A contaminação de alimentos por micobactérias ocorre de forma indireta, geralmente a partir de animais infectados, do ambiente de processamento ou da água utilizada na produção.



Contaminação de origem animal


Animais infectados por M. bovis ou M. avium podem eliminar micobactérias no leite, nas fezes ou em secreções respiratórias.


Quando o leite cru é utilizado sem pasteurização ou quando os equipamentos são mal higienizados, há risco de disseminação desses microrganismos para outros produtos.


A tuberculose bovina, causada por M. bovis, é uma zoonose reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) e pela FAO.


Ela é transmissível ao homem principalmente pelo consumo de leite cru ou produtos lácteos não pasteurizados.


A infecção humana por M. bovis apresenta sintomas semelhantes aos da tuberculose clássica, podendo afetar pulmões, intestinos e outros órgãos.


Já M. avium subsp. paratuberculosis (MAP) está associada à paratuberculose bovina (Doença de Johne) e tem sido investigada quanto à possível relação com a Doença de Crohn em humanos, uma condição inflamatória intestinal crônica.


Embora a relação causal ainda não seja totalmente comprovada, a presença de MAP em alimentos é um tema de grande interesse científico e regulatório.



Contaminação ambiental


As micobactérias são extremamente resistentes e podem sobreviver em solos, águas e superfícies por longos períodos.


Em plantas de processamento de alimentos, a água utilizada na lavagem, o biofilme formado em tubulações e superfícies úmidas, ou mesmo poeiras ambientais, podem servir como reservatórios.


Essa característica reforça a importância de boas práticas de fabricação (BPF) e planos de higienização eficazes.



Impactos à saúde pública


A presença de Mycobacterium nos alimentos representa um risco insidioso, pois essas bactérias crescem lentamente e suas infecções muitas vezes têm período de incubação prolongado, dificultando o rastreamento da fonte de contaminação.


Além disso, são resistentes a antibióticos comuns e podem persistir no organismo, exigindo longos tratamentos.


Do ponto de vista de vigilância sanitária, a detecção e controle dessas bactérias são fundamentais não apenas para proteger os consumidores, mas também para evitar barreiras comerciais, uma vez que a presença de Mycobacterium em produtos exportados pode gerar restrições sanitárias severas.



Métodos de análise de Mycobacterium no alimento


A análise de Mycobacterium em alimentos é desafiadora devido à sua natureza de crescimento lento e à complexidade da matriz alimentar.


No entanto, avanços tecnológicos têm permitido maior sensibilidade, rapidez e precisão na detecção dessas bactérias.



Métodos clássicos (culturais)


O método de cultura ainda é considerado o padrão-ouro para a identificação de Mycobacterium. Ele envolve:


1. Descontaminação da amostra: eliminação de flora competitiva por agentes químicos (ex.: ácido oxálico, cloreto de cetilpiridínio);

2. Inoculação em meios seletivos: como Löwenstein-Jensen, Middlebrook 7H10 ou Stonebrink;

3. Incubação prolongada: de 3 a 8 semanas, a 35–37 °C;

4. Observação morfológica e coloração de Ziehl-Neelsen.


Apesar da confiabilidade, o método é demorado e requer condições de biossegurança específicas (nível BSL-2 ou superior), o que limita seu uso em análises de rotina.



Métodos moleculares


As técnicas moleculares revolucionaram a detecção de Mycobacterium ao permitir identificação rápida e específica diretamente da amostra ou do isolado.


a) PCR (Reação em Cadeia da Polimerase)


A PCR convencional é amplamente utilizada para detectar genes específicos, como IS6110 (característico do complexo M. tuberculosis) ou F57 e IS900 (relacionados a MAP).


Vantagens:

  • Alta sensibilidade e especificidade;

  • Resultados em 24 a 48 horas;

  • Permite detecção mesmo em amostras com microrganismos inviáveis.


Desvantagens:


  • Exige controle rigoroso para evitar contaminação cruzada;

  • Dificuldade em diferenciar DNA de células vivas e mortas.



b) qPCR (PCR em Tempo Real)


A qPCR agrega detecção quantitativa, permitindo estimar a carga bacteriana. Além disso, quando associada a corantes que distinguem DNA de células viáveis (como o PMA-qPCR), ela melhora a confiabilidade dos resultados.



c) Sequenciamento genético e PCR multiplex


O sequenciamento e as técnicas multiplex possibilitam a identificação simultânea de várias espécies de micobactérias em uma única reação, o que é especialmente útil em amostras ambientais complexas.



Métodos baseados em biossensores e nanotecnologia


O campo da nanobiotecnologia vem sendo explorado para desenvolver biossensores eletroquímicos, ópticos ou piezoelétricos capazes de detectar Mycobacterium em tempo real.


Esses métodos combinam alta sensibilidade com rapidez, reduzindo custos e tempo de análise.


Embora ainda em fase de consolidação, já se mostram promissores para aplicações industriais e laboratoriais.



Testes imunológicos


Ensaios baseados em anticorpos monoclonais ou ELISA também são utilizados para detecção de antígenos micobacterianos, sobretudo em estudos de triagem.


Embora menos específicos que os moleculares, são úteis para monitoramento de rebanhos e triagem de produtos em larga escala.



Legislação e padrões sanitários


No Brasil, o controle de micobactérias em alimentos é abordado principalmente nas legislações relacionadas à vigilância sanitária e à inspeção de produtos de origem animal.



Regulamentos aplicáveis


Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA)

  • A Instrução Normativa nº 77/2018 e o Decreto nº 9.013/2017 (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA) estabelecem a obrigatoriedade da inspeção de rebanhos para tuberculose e a proibição do uso de leite cru proveniente de animais infectados.


ANVISA

  • Exige que produtos comercializados estejam livres de microrganismos patogênicos, incluindo micobactérias zoonóticas, conforme o Regulamento Técnico de Padrões Microbiológicos para Alimentos (RDC nº 331/2019).


Organismos internacionais (FAO/OMS/WOAH)

  • Recomendações para vigilância de Mycobacterium bovis e M. avium como agentes zoonóticos prioritários.


Essas normas reforçam a importância da análise laboratorial periódica e do monitoramento da saúde animal, como forma de prevenção e rastreabilidade.



O papel do laboratório na segurança e confiabilidade dos resultados


A análise de Mycobacterium no alimento requer infraestrutura específica, protocolos validados e equipe qualificada.


Um laboratório acreditado segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17025 garante que os resultados sejam tecnicamente competentes e rastreáveis.


As principais etapas que um laboratório especializado realiza incluem:


  • Recepção e preparação de amostras com controle de biossegurança;

  • Aplicação de métodos de triagem (ex.: PCR rápida ou cultura seletiva);

  • Confirmação e quantificação (qPCR ou sequenciamento);

  • Emissão de relatórios técnicos interpretativos, indicando conformidade com normas vigentes.

  • Além do controle de alimentos prontos, também são analisadas:

  • Águas de processamento e higienização;

  • Ambientes industriais (biofilmes, utensílios, ar);

  • Matérias-primas e ingredientes de origem animal ou vegetal.


Essas análises não apenas atendem às exigências legais, mas também contribuem para certificações sanitárias, exportações e reputação da marca.


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Conclusão


A análise de Mycobacterium no alimento é uma ferramenta indispensável na vigilância sanitária e na garantia da segurança dos consumidores.


Dada a resistência, o crescimento lento e a potencial patogenicidade dessas bactérias, sua detecção requer técnicas sensíveis e laboratórios altamente qualificados.


Mais do que uma exigência regulatória, o monitoramento de micobactérias é uma estratégia de prevenção e qualidade, capaz de proteger a saúde pública e fortalecer a confiança do mercado consumidor.



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❓ FAQ – Perguntas Frequentes


1. Quais alimentos apresentam maior risco de contaminação por Mycobacterium?

Principalmente leite cru, queijos artesanais, carnes mal cozidas e produtos derivados de animais não testados para tuberculose ou paratuberculose.


2. A pasteurização elimina as micobactérias?

Sim, quando corretamente aplicada, a pasteurização destrói a maioria das micobactérias patogênicas, incluindo M. bovis. No entanto, falhas no processo podem permitir sua sobrevivência.


3. Como posso saber se meu produto está livre de Mycobacterium?

Somente por meio de análise laboratorial específica, realizada em laboratório acreditado, utilizando métodos culturais e/ou moleculares.


4. Essas análises são obrigatórias?

Embora não haja exigência universal para todos os produtos, são obrigatórias em casos específicos (como leite cru destinado ao consumo) e altamente recomendadas para indústrias alimentícias e exportadoras.


5. O que diferencia Mycobacterium bovis de M. tuberculosis?

Ambas pertencem ao mesmo complexo, mas M. bovis infecta principalmente bovinos e é transmitida por alimentos, enquanto M. tuberculosis é tipicamente humana e transmitida por via aérea.


 
 
 

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