Café com vidro identificado pela Anvisa: entenda o caso, os riscos e o papel da análise laboratorial na segurança dos alimentos
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 7 de out.
- 8 min de leitura
Introdução
Nos últimos meses, o episódio do “café com vidro identificado pela Anvisa” repercutiu em todo o país, chamando a atenção de consumidores, produtores e profissionais do setor de alimentos.
A notícia de que fragmentos de vidro foram encontrados em um lote de café torrado e moído — posteriormente interditado e recolhido — trouxe à tona uma discussão fundamental: a segurança dos alimentos e o controle de contaminantes físicos.
Casos como esse não são apenas incidentes isolados; representam uma falha grave em algum ponto da cadeia produtiva e colocam em risco tanto a saúde pública quanto a credibilidade de marcas e produtores.
Por trás da decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) existe todo um processo técnico e científico, que envolve análises laboratoriais criteriosas, laudos de órgãos oficiais e protocolos padronizados de inspeção.
O objetivo deste artigo é esclarecer, de forma acessível e embasada, o que realmente aconteceu nesse episódio, o que caracteriza uma contaminação física por vidro, quais são as implicações regulatórias e como os laboratórios especializados atuam na identificação e prevenção desse tipo de risco.
Ao final, você também vai entender como empresas e produtores podem evitar problemas semelhantes, garantindo conformidade com a legislação e segurança para o consumidor.

O caso do café com vidro identificado pela Anvisa
Em setembro de 2025, a Anvisa publicou uma resolução determinando a proibição, apreensão e inutilização de lotes do café torrado e moído da marca Câmara, após laudos laboratoriais confirmarem a presença de fragmentos de vidro em amostras coletadas.
A análise foi realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-RJ), que detectou partículas sólidas incompatíveis com o produto e potencialmente perigosas à saúde humana.
De acordo com a nota oficial divulgada pela Agência, o produto apresentou risco imediato à saúde do consumidor, levando à determinação de recolhimento em todo o território nacional.
O episódio acendeu um alerta sobre a necessidade de rigor na inspeção de alimentos, especialmente em produtos industrializados que passam por moagem, envase e empacotamento — etapas onde fragmentos de materiais estranhos podem ser introduzidos acidentalmente.
A presença de vidro em alimentos é considerada uma contaminação física grave, pois representa risco direto de lesões no trato gastrointestinal, cortes na cavidade oral e, em casos mais severos, perfurações internas.
Além disso, a simples suspeita de um corpo estranho em um produto de consumo imediato é suficiente para abalar a confiança do consumidor e gerar impactos econômicos significativos.
Contaminação física em alimentos: causas, tipos e riscos à saúde
A contaminação física é uma das principais categorias de não conformidades em alimentos, ao lado das contaminações biológicas (micro-organismos patogênicos) e químicas (resíduos de agrotóxicos, metais pesados, aditivos indevidos, etc.).
Ela ocorre quando objetos estranhos ou materiais indesejáveis são introduzidos no produto, de forma acidental ou por falhas no processo produtivo.
O que são contaminantes físicos?
Contaminantes físicos são partículas ou fragmentos visíveis, sólidos e inertes, que não fazem parte da composição natural ou esperada do alimento. Entre os exemplos mais comuns estão:
Fragmentos de vidro provenientes de lâmpadas, termômetros, frascos quebrados ou embalagens danificadas;
Metais (como lascas de aço, arames ou parafusos) oriundos de equipamentos industriais;
Plásticos duros ou pedaços de borracha de vedações e tampas;
Pedras, areia ou madeira trazidas do campo ou da torrefação;
Cabelos, fios ou fibras que indicam falha de boas práticas higiênicas.
Como ocorrem essas contaminações
No caso específico do café, o processo produtivo envolve várias etapas críticas: colheita, beneficiamento, torrefação, moagem, envase e transporte. Em cada uma delas, há riscos potenciais de contaminação física.
Durante a moagem, peças metálicas ou de vidro podem se soltar de equipamentos antigos.
No envase, o uso de frascos ou garrafas de vidro aumenta o risco de fragmentos caso haja impacto ou trinca.
Durante o transporte e armazenamento, o manuseio inadequado pode quebrar embalagens e gerar partículas indesejadas.
Além disso, falhas no controle de qualidade ou na calibração de detectores de metais e inspeção óptica podem deixar passar pequenas partículas.
Riscos à saúde e impactos econômicos
A ingestão de fragmentos de vidro, mesmo em pequenas quantidades, pode causar lacerações, hemorragias internas e perfurações.
Em crianças e idosos, o risco é ainda maior devido à fragilidade do trato digestivo.
Do ponto de vista da indústria, um incidente de contaminação física implica recolhimento de lotes, danos à imagem da marca, perda de confiança e penalidades legais.
A legislação sanitária brasileira trata esse tipo de falha como infração grave, sujeita a sanções que incluem multa, interdição e cassação de registro do produto.
A atuação da Anvisa e as normas de segurança aplicáveis
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável por regulamentar e fiscalizar produtos e serviços que possam impactar a saúde pública, incluindo alimentos industrializados, bebidas, aditivos e embalagens.
Sua atuação é orientada por princípios de prevenção, rastreabilidade e controle de risco.
O papel da Anvisa no caso do café com vidro
A Anvisa age com base em informações laboratoriais e inspeções sanitárias, muitas vezes encaminhadas pelos LACENs (Laboratórios Centrais de Saúde Pública) dos estados.
Quando um alimento apresenta suspeita de contaminação, o produto é coletado e submetido a análise técnica para verificar a presença de corpos estranhos.
Confirmada a não conformidade, a Anvisa pode:
Determinar interdição cautelar do lote;
Emitir Resolução de Recolhimento e Apreensão;
Notificar o fabricante e o Ministério Público;
Comunicar as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais para acompanhamento do caso.
Foi exatamente esse o procedimento adotado no caso do café contaminado por vidro, resultando na proibição de comercialização do produto em todo o país.
Normas e padrões aplicáveis
Diversas normas técnicas e regulamentações dão suporte a esse tipo de ação. Entre elas:
RDC nº 14/2014 (Anvisa) — estabelece os critérios para avaliação de corpos estranhos em alimentos;
Portaria nº 1428/1993 (MS) — trata das boas práticas de fabricação e controle de qualidade;
Lei nº 6.437/1977 — define infrações sanitárias e penalidades;
Codex Alimentarius (FAO/OMS) — recomenda limites e métodos internacionais de detecção de contaminantes físicos.
Essas normas exigem que as empresas implementem sistemas de controle preventivo, como inspeção visual, peneiramento, detectores de metais, câmeras ópticas e testes laboratoriais regulares.
Responsabilidade legal e recall
Ao detectar fragmentos de vidro, o fabricante é obrigado a recolher o lote e comunicar às autoridades.
O recall é um procedimento obrigatório previsto na Portaria nº 618/2019 e no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).
A omissão ou negligência pode configurar crime sanitário, sujeito a sanções civis e penais.
Métodos laboratoriais para detecção de vidro e contaminantes físicos
Os laboratórios especializados em análise de alimentos desempenham papel essencial na prevenção e confirmação de contaminações físicas.
A detecção de fragmentos de vidro exige técnicas meticulosas, equipamentos calibrados e profissionais treinados.
Coleta e preparo de amostras
Tudo começa pela coleta representativa do produto suspeito. A amostra deve ser retirada de forma aleatória, sem contato manual direto, utilizando utensílios estéreis.
Em seguida, é acondicionada em recipiente próprio e identificada com número de lote, data e origem.
No laboratório, o material passa por triagem visual e preparo sob lupa estereoscópica, para identificar partículas sólidas de aspecto não compatível com o produto.
Técnicas analíticas aplicáveis
Os métodos mais usados incluem:
Microscopia estereoscópica e ótica — permite visualizar partículas e diferenciar vidro, metal ou plástico;
Microscopia eletrônica de varredura (MEV) — usada em casos de confirmação, fornece imagens de alta resolução e análise morfológica;
Espectroscopia de energia dispersiva (EDS) — identifica a composição química do fragmento, confirmando se é vidro silicato;
Teste de densidade e resistência — avalia a compatibilidade física do fragmento com materiais usados na linha de produção.
Essas análises permitem determinar a origem provável da contaminação (equipamento, embalagem, transporte) e a extensão do risco.
Boas práticas laboratoriais
Os laboratórios credenciados seguem padrões de qualidade, como a ISO/IEC 17025, que garante confiabilidade nos resultados.
Durante a análise, são observadas medidas rigorosas de controle ambiental, documentação de cadeia de custódia e rastreabilidade das amostras.
Um relatório técnico final é emitido, contendo descrição dos fragmentos, método utilizado, resultados obtidos e interpretação conforme as normas sanitárias vigentes.
Esse laudo serve como base para decisões da Anvisa, recall ou medidas corretivas internas.
Boas práticas e prevenção na cadeia do café
Evitar contaminações físicas é uma responsabilidade compartilhada entre produtores, torrefadores, embaladores e distribuidores.
O controle deve ocorrer desde o campo até o produto final.
Na colheita e beneficiamento
Realizar triagem manual e mecânica dos grãos;
Evitar o uso de recipientes quebrados ou danificados;
Manter equipamentos limpos e íntegros.
Na torrefação e moagem
Implementar rotinas de manutenção preventiva de moinhos, silos e esteiras;
Instalar detectores de metais e sensores ópticos nas linhas;
Garantir calibração periódica e registros de controle.
No envase e transporte
Utilizar embalagens adequadas, resistentes a impacto e seladas;
Monitorar o manuseio logístico e armazenagem para evitar rupturas;
Incluir inspeção visual final por amostragem.
Monitoramento laboratorial periódico
A realização periódica de análises laboratoriais de contaminantes físicos é o que assegura a confiabilidade dos processos.
Laboratórios especializados oferecem laudos técnicos que não apenas comprovam a ausência de contaminantes, mas também ajudam a mapear vulnerabilidades do processo produtivo.
O papel dos laboratórios na segurança alimentar e conformidade regulatória
A atuação de laboratórios especializados é o elo que conecta a indústria alimentícia às exigências da Anvisa e às expectativas dos consumidores.
Esses centros de análise realizam ensaios para detecção de contaminantes físicos, químicos e microbiológicos, garantindo que o alimento atenda aos padrões legais e de qualidade.
Entre os principais serviços estão:
Análise de contaminantes físicos (vidro, metais, plásticos, pedras, etc.);
Laudos técnicos para recall e conformidade regulatória;
Assessoria para adequação às normas da Anvisa e certificações ISO.
Ao contratar um laboratório especializado, o produtor demonstra compromisso com a transparência, segurança e responsabilidade sanitária — atributos que fortalecem a reputação da marca e ampliam a confiança do consumidor.

Conclusão
O caso do café com vidro identificado pela Anvisa serve como um alerta para toda a cadeia produtiva: a segurança alimentar não é opcional.
Ela deve estar presente em cada etapa do processo, do campo à xícara.
Fragmentos de vidro ou outros corpos estranhos não apenas representam risco físico real ao consumidor, mas também comprometem anos de trabalho, investimento e credibilidade.
A melhor forma de prevenir é adotar boas práticas, realizar inspeções constantes e manter parceria com laboratórios confiáveis, capazes de detectar o problema antes que ele chegue ao mercado.
Garantir alimentos seguros é mais do que uma exigência legal — é um compromisso ético com a saúde pública e com a confiança de quem consome.
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FAQ — Perguntas Frequentes
1. O que a Anvisa faz quando encontra vidro em alimentos?
A Anvisa analisa laudos laboratoriais, determina a interdição e recolhimento do lote contaminado, notifica o fabricante e comunica as vigilâncias estaduais e municipais.
2. Por que o vidro é tão perigoso em alimentos?
Porque pode causar cortes e perfurações internas graves, além de representar falha crítica no controle de qualidade.
3. Como detectar vidro em produtos alimentícios?
Por meio de inspeção visual, detectores ópticos e análises laboratoriais com microscopia estereoscópica e eletrônica.
4. O consumidor pode denunciar produtos suspeitos?
Sim. As denúncias podem ser feitas à Vigilância Sanitária local ou diretamente à Anvisa, com informações sobre marca, lote e local de compra.
5. Como as empresas podem evitar contaminações físicas?
Implementando boas práticas de fabricação, manutenção preventiva de equipamentos e monitoramento laboratorial periódico.
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