Da Fonte ao Copo: A Relevância da Análise da Concentração de Manganês na Água
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 22 de fev. de 2022
- 8 min de leitura
Introdução
O manganês (Mn) é um elemento químico naturalmente presente na crosta terrestre, encontrado em diversos minerais e também em águas superficiais e subterrâneas.
Embora seja um micronutriente essencial para o organismo humano e para plantas, a sua presença em concentrações elevadas na água potável pode representar riscos à saúde e comprometer a qualidade sensorial da água.
No contexto ambiental, a presença de manganês em fontes hídricas pode ocorrer tanto de forma natural, por dissolução de rochas e solos, quanto por influência antrópica, decorrente de atividades industriais, mineração, descarte inadequado de resíduos ou uso excessivo de fertilizantes e defensivos agrícolas.
A análise da concentração de manganês na água é uma etapa fundamental no monitoramento da qualidade hídrica, sendo exigida por órgãos reguladores como o Ministério da Saúde no Brasil, por meio da Portaria de Consolidação nº 5/2017, e pela Resolução CONAMA nº 357/2005, que estabelece limites para águas destinadas ao consumo humano e outros usos.
Do ponto de vista da saúde pública, o consumo prolongado de água com manganês acima dos limites recomendados pode causar problemas neurológicos, afetando principalmente crianças, e também provocar alterações no sabor, odor e coloração da água.
Por isso, o monitoramento periódico é não apenas uma exigência legal, mas também uma medida preventiva essencial.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade:
As características químicas e ambientais do manganês.
Seus efeitos na saúde e no ecossistema.
Métodos de análise laboratoriais e padrões de referência.
Boas práticas para monitoramento e controle.
Ao final, também apresentaremos como um laboratório especializado pode auxiliar na detecção precisa e confiável da concentração de manganês, garantindo segurança e conformidade com a legislação.

Caracterização Técnica do Manganês
Propriedades químicas e físicas
O manganês é um elemento químico de número atômico 25, símbolo Mn, pertencente ao grupo dos metais de transição.
Apresenta massa atômica de aproximadamente 54,94 g/mol e possui uma coloração típica cinza-prateada quando em estado metálico puro.
Em ambientes aquáticos, o manganês é encontrado predominantemente em duas formas de oxidação: Mn²⁺ (forma solúvel) e Mn⁴⁺ (forma insolúvel, como óxidos ou hidróxidos).
Essa característica influencia diretamente sua mobilidade, biodisponibilidade e remoção nos processos de tratamento de água.
A especiação química do manganês depende de fatores como:
pH da água – valores baixos favorecem a forma solúvel Mn²⁺.
Potencial de oxirredução (Eh) – condições redutoras mantêm o manganês dissolvido; condições oxidantes promovem a precipitação.
Presença de matéria orgânica – pode complexar ou reduzir manganês, afetando sua solubilidade.
Temperatura e oxigênio dissolvido – influenciam reações de oxidação natural.
Presença natural e fontes antrópicas
O manganês é amplamente distribuído na natureza. Sua presença em águas subterrâneas e superficiais pode ser decorrente de processos naturais ou de atividades humanas.
Fontes naturais:
Dissolução de minerais e rochas ricas em manganês, como pirolusita (MnO₂) e rodonita (MnSiO₃).
Intemperismo químico de solos e sedimentos.
Processos biogeoquímicos em zonas de transição entre águas oxigenadas e anóxicas.
Fontes antrópicas:
Efluentes industriais (metalurgia, produção de ligas de aço, baterias, tintas e cerâmicas).
Mineração e lavagem de minérios.
Uso de fertilizantes e defensivos agrícolas contendo manganês.
Lixiviação de resíduos sólidos e aterros.
Corrosão de tubulações e estruturas metálicas em sistemas de distribuição.
Manganês em águas superficiais e subterrâneas
O comportamento do manganês varia conforme o tipo de manancial:
Águas superficiais – Geralmente apresentam concentrações menores de manganês dissolvido devido à maior disponibilidade de oxigênio, que promove a precipitação de Mn como óxidos. Porém, processos de ressuspensão de sedimentos podem elevar temporariamente os níveis.
Águas subterrâneas – Frequentemente exibem teores mais elevados de manganês dissolvido devido às condições redutoras, pH levemente ácido e ausência de oxigênio. Nestes casos, o manganês tende a permanecer na forma Mn²⁺, de fácil solubilidade.
Manganês e interações ambientais
O manganês participa ativamente do ciclo biogeoquímico dos metais, interagindo com ferro, enxofre e carbono orgânico.
Sua mobilidade é influenciada por microrganismos oxidantes ou redutores, que aceleram as transformações de estado de oxidação.
Além disso, a presença de manganês pode afetar ecossistemas aquáticos, alterando processos de sedimentação, disponibilidade de nutrientes e até a coloração da água.
Efeitos do Manganês na Saúde Humana e no Meio Ambiente
Função biológica e importância do manganês em baixas concentrações
O manganês é um micronutriente essencial, presente em pequenas quantidades no corpo humano. Ele participa de diversas funções fisiológicas, como:
Ativação de enzimas antioxidantes (superóxido dismutase – SOD).
Metabolismo de carboidratos, aminoácidos e colesterol.
Formação de ossos e cartilagens.
Síntese de neurotransmissores.
Em níveis adequados, o manganês contribui para o equilíbrio metabólico. A ingestão diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) varia entre 1,8 e 2,3 mg para adultos, considerando todas as fontes (alimentação, água, inalação).
Riscos do excesso de manganês na água potável
Quando presente em concentrações acima do permitido, especialmente em água de consumo, o manganês pode ter efeitos adversos à saúde.
Os riscos variam de acordo com a duração e intensidade da exposição.
Efeitos agudos (curto prazo):
Alterações no sabor e odor da água.
Coloração amarronzada, preta ou turva.
Manchas em roupas, utensílios e encanamentos.
Efeitos crônicos (longo prazo):
Neurotoxicidade: exposição prolongada pode provocar sintomas semelhantes ao Parkinson, conhecidos como manganismo, que incluem tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldades cognitivas.
Alterações no desenvolvimento neurológico de crianças, podendo afetar memória, atenção e aprendizado.
Possíveis impactos sobre o sistema reprodutivo e imunológico (ainda em estudo).
Populações mais vulneráveis:
Crianças pequenas (absorvem mais manganês e têm barreira hematoencefálica menos desenvolvida).
Idosos (maior risco de neurodegeneração).
Indivíduos com doenças hepáticas (o fígado é essencial para excretar manganês).
Limites recomendados por legislações e normas técnicas
Para proteger a saúde pública, diversos órgãos reguladores estabeleceram valores máximos permitidos (VMP) de manganês em água para consumo humano:
Órgão/Norma | Valor Máximo Permitido (mg/L) | Observação |
OMS – Organização Mundial da Saúde | 0,08 | Valor baseado em efeitos neurológicos |
USEPA – Agência de Proteção Ambiental (EUA) | 0,05 (secundário) | Padrão estético, não de saúde |
Ministério da Saúde – Brasil (Portaria GM/MS nº 888/2021) | 0,1 | Valor para potabilidade |
Resolução CONAMA nº 357/2005 | 0,1 | Para águas de classe 1 |
Estes limites consideram não apenas os efeitos toxicológicos, mas também aspectos estéticos e sensoriais da água.
Impactos ambientais do manganês
O manganês em excesso não afeta apenas a saúde humana — também pode comprometer ecossistemas aquáticos e terrestres.
Toxicidade para organismos aquáticos: altas concentrações podem prejudicar peixes e invertebrados, afetando brânquias, metabolismo e reprodução.
Alteração da qualidade da água: promove turvação, formação de depósitos e mudanças no pH.
Bioacumulação: pode ser incorporado à cadeia alimentar, atingindo níveis mais altos em predadores aquáticos.
Competição com outros metais: pode interferir na absorção de ferro e zinco por plantas e animais.
A gestão adequada e o monitoramento regular são fundamentais para evitar que o manganês ultrapasse níveis seguros, preservando tanto a saúde humana quanto a integridade ambiental.
Métodos Laboratoriais para Análise da Concentração de Manganês na Água
O monitoramento da concentração de manganês requer métodos analíticos precisos e sensíveis, capazes de detectar tanto valores próximos ao limite permitido quanto concentrações muito baixas, importantes para estudos ambientais e de controle preventivo.
Comparativo resumido dos métodos
Método | Limite de Detecção (LD) | Custo | Multielementar | Indicação | |
Espectrofotometria UV-Vis | ~0,01 mg/L | Baixo | Não | Rotina simples, custos reduzidos | |
Absorção Atômica (AAS) | ~0,001 mg/L | Médio | Não | Precisão e sensibilidade moderada | |
ICP-OES | <0,001 mg/L | Alto | Sim | Análises multielementares precisas | |
ICP-MS | ng/L | Muito alto | Sim | Estudos avançados e monitoramento de ultra-traços | |
Voltametria | μg/L | Médio | Não | Monitoramento ambiental e de campo |
Estratégias de Monitoramento e Controle do Manganês na Água
O monitoramento eficaz do manganês é essencial para garantir a qualidade da água potável, proteger a saúde humana e atender às exigências legais.
Ele envolve ações coordenadas entre coleta, análise, interpretação de resultados e aplicação de medidas corretivas quando necessário.
Monitoramento periódico
Para assegurar a confiabilidade dos resultados, é recomendado estabelecer planos de monitoramento periódicos, considerando:
Frequência das coletas: depende da vulnerabilidade da fonte hídrica. Águas subterrâneas com histórico de altas concentrações exigem coletas mensais; águas superficiais podem ser monitoradas trimestralmente.
Pontos de amostragem estratégicos: devem incluir entrada de captação, pontos intermediários de distribuição e residências representativas.
Documentação e rastreabilidade: registro detalhado de data, local, método utilizado, resultados e condições ambientais durante a coleta.
O monitoramento sistemático permite identificar tendências de aumento do manganês e antecipar problemas antes que se tornem críticos.
Métodos de remoção de manganês na água
Quando a concentração ultrapassa os limites permitidos, é necessário aplicar técnicas de tratamento e controle, que podem incluir:
Oxidação seguida de filtração
O manganês dissolvido (Mn²⁺) é oxidado a Mn⁴⁺, formando partículas insolúveis.
Em seguida, é removido por filtração rápida em areia ou outro meio adequado.
Agentes oxidantes comuns: cloro, permanganato de potássio, ozônio ou oxigênio dissolvido.
Adsorção
Utiliza materiais como carvão ativado, zeólitas ou resinas especiais para reter manganês da água.
É eficaz principalmente para concentrações moderadas e em pequenas instalações.
Troca iônica
Resinas catiônicas removem manganês e outros metais dissolvidos.
Método eficiente, porém exige regeneração periódica e monitoramento constante.
Tratamento biológico
Microrganismos oxidantes específicos convertem Mn²⁺ em Mn⁴⁺, que é posteriormente removido por filtração.
Pode ser usado em sistemas de grande porte e em tratamento de água de poços profundos.
Conformidade regulatória e padrões de potabilidade
Para garantir que a água esteja dentro dos padrões legais, é necessário:
Realizar análises laboratoriais com métodos validados.
Comparar os resultados com limites estabelecidos por órgãos como Ministério da Saúde (Brasil), CONAMA, ou OMS.
Manter relatórios e certificados de conformidade, essenciais para auditorias, inspeções e programas de saneamento básico.
O cumprimento da legislação protege tanto o consumidor quanto a imagem da empresa ou instituição responsável pelo fornecimento de água.
Boas práticas para gestão do manganês
Além da análise e tratamento, outras ações preventivas podem reduzir a ocorrência de manganês em concentrações críticas:
Manutenção de fontes e reservatórios: limpeza periódica para evitar acúmulo de sedimentos ricos em manganês.
Monitoramento da rede de distribuição: inspeção de tubulações para identificar corrosão e depósitos.
Educação e conscientização: informar equipes técnicas e população sobre a importância do manganês e os riscos do excesso.
Uso de sistemas de alerta rápido: integração de sensores automáticos em estações de tratamento para detecção contínua.

Conclusão
A análise da concentração de manganês na água é uma etapa essencial para garantir a segurança do consumo humano, preservar a qualidade ambiental e atender às exigências legais.
Apesar de o manganês ser um micronutriente necessário em pequenas quantidades, sua presença em níveis elevados pode causar efeitos neurológicos, alterações sensoriais da água e impactos no ecossistema aquático.
O monitoramento eficiente envolve coleta padronizada, métodos laboratoriais precisos e interpretação técnica dos resultados, permitindo identificar rapidamente quaisquer desvios dos limites recomendados.
Além disso, a adoção de estratégias de tratamento adequadas, como oxidação seguida de filtração, adsorção e troca iônica, assegura que a água se mantenha dentro dos padrões de potabilidade.
Um laboratório especializado desempenha papel fundamental nesse processo, oferecendo suporte técnico completo, relatórios certificados e consultoria para prevenção e correção de problemas.
Assim, empresas, prefeituras e residências podem garantir qualidade, segurança e conformidade legal em suas fontes de água, promovendo saúde pública e sustentabilidade ambiental.
Em resumo, investir em análise confiável e monitoramento contínuo do manganês na água é uma medida estratégica e preventiva, essencial para proteger pessoas, preservar o meio ambiente e assegurar a confiança na água consumida diariamente.
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FAQ – Perguntas Frequentes
1. Qual a importância de analisar o manganês na água?
O monitoramento evita riscos à saúde, preserva a qualidade sensorial da água e garante conformidade com a legislação.
2. Com que frequência a análise deve ser realizada?
Depende da fonte hídrica: águas subterrâneas com histórico de manganês elevado podem exigir coletas mensais, enquanto águas superficiais podem ser monitoradas trimestralmente.
3. Qual método é mais indicado para a análise?
Métodos instrumentais como ICP-MS e ICP-OES são mais sensíveis e indicados para detecção de baixos níveis de manganês, enquanto espectrofotometria UV-Vis é útil para análises rotineiras e concentrações moderadas.
4. O manganês em excesso pode ser removido da água?
Sim. Técnicas como oxidação seguida de filtração, adsorção, troca iônica e tratamento biológico são eficazes para reduzir a concentração.
5. Posso confiar nos resultados do laboratório?
Sim. Laboratórios especializados seguem protocolos rigorosos de qualidade, usam padrões certificados e fornecem relatórios rastreáveis e reconhecidos legalmente.
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