🌍 O Que São Doenças Fúngicas e Por Que São uma Ameaça Crescente?
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 7 de jul. de 2022
- 6 min de leitura
Introdução
Compreender as doenças fúngicas é crucial para a saúde pública, uma vez que elas representam uma ameaça silenciosa e crescente.
Este artigo oferece uma análise detalhada sobre suas causas, tipos, desafios no diagnóstico e tratamento, e as mais recentes ameaças globais.

🌍 O Que São Doenças Fúngicas e Por Que São uma Ameaça Crescente?
As doenças fúngicas são infecções causadas por microrganismos que podem viver de forma harmoniosa no nosso corpo, mas se tornam problemáticas quando as defesas do organismo estão enfraquecidas.
Elas variam de infecções cutâneas leves e superficiais a condições invasivas e potencialmente fatais que atingem a corrente sanguínea ou órgãos internos .
Estima-se que as infecções fúngicas invasivas causem 6.5 milhões de infecções e 3.8 milhões de mortes anualmente em todo o mundo.
Esta é uma preocupação de saúde global impulsionada por vários fatores:
Mudanças Climáticas: O aumento das temperaturas está a permitir que fungos patogénicos se adaptem a temperaturas corporais mais altas e se espalhem para regiões que antes eram frias demais para a sua sobrevivência.
Populações Vulneráveis: Avanços médicos levam a mais pessoas a viverem com o sistema imunitário comprometido (por exemplo, pacientes oncológicos, transplantados, pessoas com HIV/Aids), tornando-as mais suscetíveis a infeções graves.
Resistência a Antifúngicos: O uso excessivo e indiscriminado de medicamentos antifúngicos, tanto em humanos como na agricultura (como pesticidas), está a selecionar estirpes de fungos resistentes, tornando os tratamentos ineficazes.
🍄 Principais Doenças Causadas por Fungos
As doenças fúngicas manifestam-se de diversas formas, conforme o tipo de fungo e a localização da infeção.
A tabela abaixo resume algumas das principais doenças fúngicas:
Doença | Agente Causador (Exemplos) | Principais Sintomas e Características |
Candidíase | Candida albicans | Infeções em mucosas (sapinho, candidíase vaginal), pele e unhas. Pode ser invasiva, atingindo a corrente sanguínea e órgãos internos . |
Tinha (Dermatofitose) | Trichophyton, Microsporum | Lesões vermelhas, descamativas e com comichão na pele, couro cabeludo (pode causar queda de cabelo) ou unhas (deixando-as espessas e sem brilho). Inclui "pé-de-atleta" e "frieira" . |
Pano Branco | Malassezia furfur | Manchas arredondadas e despigmentadas (brancas ou acastanhadas) no tronco, pescoço e braços . |
Aspergilose | Aspergillus fumigatus | Infeção pulmonar grave que pode formar "bolas fúngicas". Causa tosse, falta de ar, expetoração com sangue. Comum em pessoas com sistema imunitário debilitado . |
Esporotricose | Sporothrix spp. | Início com um caroço vermelho que pode ulcerar. Transmitida por solo, plantas e, comumente, por arranhadura de gatos contaminados . |
Histoplasmose | Histoplasma capsulatum | Infeção pulmonar por inalação de esporos presentes em fezes de aves ou solo. Pode ser assintomática ou causar tosse, febre e perda de peso . |
Mucormicose | Rhizopus spp. ("Fungo Negro") | Infeção rara mas agressiva, que pode afetar os seios perinasais, pulmões ou pele. Pode evoluir para necrose (morte do tecido) . |
Paracoccidioidomicose | Paracoccidioides spp. | Também conhecida como blastomicose sul-americana. Afeta pulmões, pele e gânglios linfáticos, podendo causar emagrecimento, tosse e falta de ar . |
🔬 Diagnóstico: O Primeiro Passo para um Tratamento Eficaz
O diagnóstico preciso de uma infecção fúngica é fundamental para determinar o tratamento correto.
Dependendo do tipo de infeção (superficial, subcutânea ou invasiva), diferentes métodos de diagnóstico podem ser utilizados, muitas vezes de forma complementar.
Exame Clínico: A avaliação dos sintomas e a história clínica do paciente pelo médico é o ponto de partida.
Microscopia Direta: Uma amostra (pele, unha, escarro) é corada e examinada ao microscópio para visualizar estruturas fúngicas. É um método rápido que fornece uma primeira impressão.
Cultura Fúngica: A amostra do paciente é colocada num meio de cultura especial que favorece o crescimento do fungo. Permite a identificação da espécie, mas pode demorar várias semanas, uma vez que os fungos crescem lentamente.
Testes Sorológicos: Detectam a presença de anticorpos ou antígenos específicos no sangue do paciente, indicando uma resposta do sistema imunitário a uma infeção. São particularmente úteis para diagnósticos de infeções sistêmicas.
Exames Moleculares (PCR): Técnicas modernas que detectam o material genético (DNA) do fungo na amostra do paciente. São rápidas, precisas e extremamente úteis para identificar fungos de crescimento lento ou de difícil cultivo, além de poderem detectar genes de resistência a medicamentos.
A OMS alerta que os diagnósticos atuais não atendem à realidade de todos os países, pois muitos testes disponíveis dependem de laboratórios bem equipados e profissionais treinados, o que exclui grande parte da população de baixa e média renda.
💊 Tratamento e o Grave Problema da Resistência
O tratamento das doenças fúngicas depende do tipo de infeção, do fungo envolvido e do estado de saúde do paciente.
Infeções Superficiais: Geralmente são tratadas com medicamentos tópicos (cremes, loções, pomadas) contendo antifúngicos como Clotrimazol, Miconazol ou Nistatina.
Infeções Sistêmicas ou Graves: Requerem medicamentos orais ou intravenosos. Os mais comuns pertencem à classe dos azóis (como Fluconazol e Itraconazol). Para infeções mais severas ou por fungos resistentes, podem ser necessários fármacos como a Anfotericina B ou a Terbinafina.
No entanto, o mundo enfrenta uma crise crescente de resistência antifúngica. Tal como as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos, os fungos estão a tornar-se resistentes aos medicamentos. Esta situação é agravada por:
Uso Indiscriminado de Antifúngicos: A automedicação e o uso incorreto de pomadas para micoses (muitas vezes combinadas com corticoides, que mascaram a infeção) contribuem para a seleção de fungos resistentes.
Uso Agrícola de Azóis: O uso massivo de antifúngicos semelhantes aos usados em humanos, como pesticidas na agricultura e até em produtos de pet shop, leva ao desenvolvimento de resistência no ambiente, que depois afeta os humanos.
Poucos Novos Medicamentos: Apenas quatro novos antifúngicos foram aprovados na última década, com apenas três na fase final de desenvolvimento. O pipeline de novos fármacos é considerado "insuficiente" pela OMS, criando um vazio terapêutico perigoso.
⚠️ Novas Ameaças e Alertas Globais
A comunidade científica e as agências de saúde estão em alerta devido ao surgimento e rápida disseminação de fungos altamente resistentes e de difícil controlo.
Candida auris: Um "superfungo" que representa uma ameaça séria para os sistemas de saúde. É frequentemente resistente a múltiplas classes de antifúngicos, persiste durante semanas em superfícies hospitalares (equipamentos, mobiliário) e propaga-se facilmente em ambientes de cuidados de saúde, causando surtos em UTIs. A sua incidência tem aumentado globalmente, com a Europa a registar um "salto significativo" de casos em 2023.
Trichophyton indotineae: Um fungo que causa micoses de pele extensas e de tratamento difícil. É resistente à Terbinafina, um tratamento padrão para micoses cutâneas. Já foi identificado no Brasil e tem causado grandes surtos noutros países. A sua identificação requer exames moleculares, pois é facilmente confundido com outros fungos da pele ao microscópio.
Expansão Geográfica de Fungos: Com as mudanças climáticas, fungos como o Aspergillus fumigatus, que causa infeções pulmonares mortais, podem expandir a sua área para até 77% do território europeu até 2100, expondo milhões de pessoas a um novo risco.

🛡️ Conclusão
As doenças fúngicas representam um desafio complexo e crescente para a saúde global.
A combinação de mudanças climáticas, aumento da população vulnerável e a crescente resistência aos medicamentos cria uma "tempestade perfeita" que exige uma resposta coordenada.
Neste contexto, o diagnóstico laboratorial preciso, rápido e acessível torna-se a pedra angular para um tratamento eficaz e para o controlo da propagação destas infecções.
A detecção precoce não só salva vidas, como permite o uso mais racional dos antifúngicos disponíveis, ajudando a combater a resistência.
Por isso, é fundamental que a população e os profissionais de saúde estejam atentos aos sintomas e reconheçam a importância de procurar um diagnóstico especializado, evitando a automedicação que tanto contribui para este problema.
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❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Todas as micoses são contagiosas?
Não. Enquanto micoses de pele como a tinha (impingem) podem ser transmitidas por contato direto ou partilha de objetos, outras infeções, como a candidíase invasiva ou a aspergilose, não se propagam entre pessoas.
2. O "superfungo" Candida auris é um risco para pessoas saudáveis?
O Candida auris representa principalmente uma ameaça para pessoas com o sistema imunitário fragilizado, internadas em hospitais ou unidades de saúde de longa duração. Pessoas saudáveis fora desses ambientes têm um risco muito baixo de infecção.
3. Como as mudanças climáticas influenciam as doenças fúngicas?
O aumento da temperatura global permite que fungos se adaptem a ambientes mais quentes e se tornem capazes de tolerar melhor a temperatura do corpo humano (37°C). Além disso, as alterações climáticas estão a expandir as áreas geográficas onde estes fungos podem sobreviver e prosperar.
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