Análise da Relação Nitrito/Nitrato na Água: Entendendo os Riscos, os Métodos e a Importância do Monitoramento
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 9 de jul. de 2021
- 7 min de leitura
Introdução
A qualidade da água é um dos principais indicadores de saúde pública e ambiental.
Entre os inúmeros parâmetros analisados rotineiramente, a presença de nitrito (NO₂⁻) e nitrato (NO₃⁻) tem papel central, especialmente pela relação direta com a contaminação por compostos nitrogenados provenientes de atividades agrícolas, industriais ou domésticas.
Compreender a relação entre nitrito e nitrato é essencial não apenas para diagnosticar a origem da contaminação, mas também para avaliar o grau de transformação química do nitrogênio nos corpos d’água e o potencial risco à saúde humana.
Este artigo aborda de forma técnica e acessível tudo o que você precisa saber sobre o tema: o que são esses compostos, como são formados, quais os impactos da sua presença, os métodos laboratoriais de análise e a importância da análise da relação nitrito/nitrato na água como ferramenta de controle de qualidade e segurança.

Compreendendo o Ciclo do Nitrogênio e a Formação de Nitrito e Nitrato
O nitrogênio é um elemento essencial à vida, presente em proteínas, DNA, aminoácidos e muitas outras moléculas biológicas.
Na natureza, ele circula continuamente entre o ar, o solo, a água e os organismos vivos — processo conhecido como ciclo do nitrogênio.
Durante esse ciclo, diferentes formas químicas do nitrogênio são interconectadas: o nitrogênio gasoso (N₂) é convertido por bactérias em amônia (NH₃) e amonium (NH₄⁺), que podem ser transformados em nitrito (NO₂⁻) e posteriormente em nitrato (NO₃⁻).
Essas transformações ocorrem por processos microbiológicos denominados nitrificação e desnitrificação, etapas essenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico, mas que, quando intensificadas por atividades humanas, podem gerar problemas ambientais e sanitários.
O papel do nitrito e do nitrato
Nitrito (NO₂⁻) é um intermediário instável, formado durante a oxidação da amônia. Em condições aeróbicas, tende a ser rapidamente convertido em nitrato. No entanto, em ambientes com baixo teor de oxigênio, o nitrito pode se acumular.
Nitrato (NO₃⁻) é a forma mais oxidada do nitrogênio e, portanto, a mais estável em águas superficiais e subterrâneas. Por essa estabilidade, ele tende a persistir no ambiente por longos períodos.
Fontes de contaminação
A presença elevada de nitrito e nitrato na água geralmente indica contaminação antrópica, principalmente por:
Fertilizantes nitrogenados usados na agricultura;
Efluentes domésticos e industriais;
Decomposição de matéria orgânica;
Lixiviação de solos ricos em compostos nitrogenados.
A relação entre nitrito e nitrato pode, portanto, revelar o estágio da contaminação e o processo predominante — se há liberação recente de nitrogênio (com predominância de nitrito) ou se a oxidação já está avançada (predomínio de nitrato).
Por que a Análise da Relação Nitrito/Nitrato na Água é Importante
A simples medição isolada de nitrito ou nitrato fornece informações limitadas.
Entretanto, a análise da relação entre ambos permite compreender melhor as condições químicas e biológicas do ambiente aquático.
Indicador do processo de oxidação
Em ambientes naturais, a concentração de nitrito é geralmente muito baixa, pois ele é rapidamente oxidado a nitrato. Assim:
Relações nitrito/nitrato elevadas indicam processos recentes de oxidação da amônia ou condições de baixa oxigenação, onde o nitrito ainda não foi convertido;
Relações baixas sugerem que a nitrificação já está completa e o meio é mais estável.
Esse balanço é especialmente relevante em águas subterrâneas, rios de baixa correnteza e reservatórios, onde as condições redox variam significativamente com o tempo e a profundidade.
Indicador de contaminação e risco sanitário
Do ponto de vista da saúde pública, o nitrato é considerado um contaminante perigoso quando presente em concentrações elevadas, pois no organismo humano pode ser reduzido a nitrito, o qual reage com a hemoglobina, formando meta-hemoglobina — composto incapaz de transportar oxigênio adequadamente.
Essa condição, conhecida como meta-hemoglobinemia infantil ou síndrome do bebê azul, é um risco em áreas rurais com poços contaminados por nitrato.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam limites máximos de:
Nitrato (NO₃⁻): 50 mg/L (como NO₃⁻);
Nitrito (NO₂⁻): 3 mg/L (como NO₂⁻).
Quando esses limites são ultrapassados, especialmente em águas de consumo humano, é fundamental realizar uma avaliação integrada da relação nitrito/nitrato para identificar a origem e a dinâmica da contaminação.
Aplicações ambientais e industriais
Além do controle sanitário, a relação nitrito/nitrato também é usada para:
Monitorar eficiência de estações de tratamento de esgoto;
Avaliar desempenho de reatores biológicos nitrificantes e desnitrificantes;
Controlar qualidade de efluentes industriais;
Diagnosticar condições anóxicas em reservatórios e lagos.
Métodos de Análise de Nitrito e Nitrato em Laboratório
A determinação precisa desses íons requer métodos analíticos confiáveis e sensíveis.
Os laboratórios de controle ambiental utilizam diferentes técnicas, de acordo com o tipo de amostra, os níveis esperados de concentração e os recursos disponíveis.
Métodos clássicos colorimétricos
Os métodos mais tradicionais baseiam-se em reações químicas colorimétricas, que produzem colorações específicas proporcionalmente à concentração do analito.
Nitrito: O método mais comum é o de Griess, no qual o nitrito reage com sulfanilamida e N-(1-naftil) etilenodiamina, formando um composto rosado medido por espectrofotometria (540 nm).
Nitrato: É frequentemente determinado após redução a nitrito, usando colunas de cádmio ou reagentes redutores. O nitrito resultante é então quantificado pelo mesmo método de Griess.
Esses procedimentos são consagrados em normas como:
APHA Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (4500-NO₂⁻ e 4500-NO₃⁻);
ABNT NBR 12620 (para determinação de nitrato em águas e efluentes).
Métodos instrumentais modernos
Para maior precisão e sensibilidade, laboratórios especializados utilizam:
Cromatografia iônica: separa e quantifica íons de nitrito e nitrato com alta exatidão;
Espectrofotometria UV direta: determina nitrato pela absorção característica em 220 nm, com correção de interferências;
Eletrodos íon-seletivos: permitem medições rápidas e em campo, especialmente úteis para monitoramento contínuo.
Essas técnicas, além de fornecerem resultados precisos, permitem calcular a relação molar ou em massa entre nitrito e nitrato, indicador-chave da dinâmica do nitrogênio na amostra.
Coleta e preservação das amostras
A confiabilidade da análise depende não apenas do método, mas também da amostragem adequada:
Utilizar frascos limpos e de material inerte;
Evitar exposição à luz e altas temperaturas;
Preservar com refrigeração (≤ 4 °C) e analisar em até 48 h;
Em casos críticos, pode-se adicionar conservantes específicos (como ácido sulfâmico para eliminar cloro residual).
Erros nessa etapa podem levar à oxidação ou redução espontânea dos compostos, alterando artificialmente a relação nitrito/nitrato.
Interpretação dos Resultados e Diagnóstico Ambiental
A interpretação da relação nitrito/nitrato exige uma visão integrada do contexto ambiental e das condições do corpo hídrico.
Relação alta (nitrito predominante)
Indica contaminação recente por compostos nitrogenados (efluentes ou dejetos) e/ou ambiente pouco oxigenado. Sugere que o processo de nitrificação ainda está incompleto.
Situações típicas:
Poços rasos contaminados por fossas sépticas;
Águas estagnadas;
Sistemas de tratamento sobrecarregados.
Relação baixa (nitrato predominante)
Indica contaminação antiga e meio bem oxigenado, com nitrificação completa.
Situações típicas:
Lençóis freáticos profundos contaminados por lixiviação agrícola;
Rios e mananciais com renovação constante de água.
Avaliação conjunta com outros parâmetros
Para um diagnóstico mais confiável, recomenda-se correlacionar a relação nitrito/nitrato com:
Oxigênio dissolvido (OD);
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO);
Amônia total;
pH e temperatura;
Presença de matéria orgânica.
Essa integração permite identificar a origem da contaminação (doméstica, agrícola ou industrial) e avaliar o risco de eutrofização — processo de enriquecimento de nutrientes que leva à proliferação de algas e ao desequilíbrio ecológico.
A Importância da Monitorização Contínua
A análise da relação nitrito/nitrato na água não deve ser vista como uma medição pontual, mas como parte de um programa de monitoramento contínuo.
O comportamento desses compostos varia conforme as estações, o regime de chuvas e as condições hidrológicas. A coleta regular de dados permite:
Detectar tendências de aumento da contaminação;
Avaliar eficiência de sistemas de tratamento;
Implementar ações corretivas precoces.
Laboratórios especializados oferecem planos de monitoramento customizados, com frequência de amostragem adequada e relatórios interpretativos, orientando gestores ambientais, indústrias e municípios sobre medidas preventivas.
Aplicações Práticas e Benefícios da Análise Laboratorial
Os resultados da análise da relação nitrito/nitrato na água têm implicações diretas em:
Gestão de recursos hídricos;
Controle de qualidade de água potável;
Avaliação ambiental de empreendimentos;
Licenciamento e conformidade com normas ambientais;
Controle de processos industriais e agrícolas.
A partir dos dados obtidos, é possível desenvolver estratégias de mitigação, como:
Adequação do uso de fertilizantes;
Melhoria de sistemas de tratamento de efluentes;
Proteção de aquíferos e poços de abastecimento.
Serviços Laboratoriais Especializados
Nosso laboratório realiza análises completas da relação nitrito/nitrato na água, utilizando equipamentos de última geração e metodologias reconhecidas internacionalmente.
O serviço inclui:
Coleta e preservação adequada das amostras;
Determinação individual de nitrito e nitrato;
Cálculo da relação entre ambos;
Interpretação técnica e emissão de laudos detalhados;
Apoio técnico para ações corretivas.
Essas análises atendem a legislações nacionais (CONAMA, Portaria GM/MS 888/2021) e internacionais (OMS, EPA), garantindo resultados confiáveis para decisões ambientais e de saúde pública.

Conclusão
A análise da relação nitrito/nitrato na água é uma ferramenta poderosa para compreender a dinâmica do nitrogênio em ambientes aquáticos e identificar potenciais riscos à saúde e ao meio ambiente.
Mais do que um simples parâmetro químico, essa relação revela informações sobre a origem da contaminação, o estado redox do meio e a eficiência dos processos de tratamento.
Monitorar e interpretar adequadamente esses dados é essencial para garantir água de qualidade, segurança sanitária e sustentabilidade ambiental.
Se sua empresa, município ou propriedade rural precisa avaliar a presença desses compostos na água, conte com um laboratório especializado para realizar análises precisas e interpretadas com rigor técnico.
A Importância de Escolher o Lab2bio
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FAQ – Perguntas Frequentes
1. Qual a diferença entre nitrito e nitrato?
O nitrito é uma forma intermediária e instável do nitrogênio, enquanto o nitrato é a forma oxidada e mais estável. Ambos podem estar presentes na água em função de processos naturais e antrópicos.
2. Por que a relação nitrito/nitrato é importante?
Porque ela indica o estágio da contaminação e as condições químicas do meio, ajudando a identificar a origem e a evolução dos compostos nitrogenados.
3. Quais são os limites seguros para consumo humano?
Segundo o Ministério da Saúde: até 50 mg/L para nitrato e 3 mg/L para nitrito.
4. Como é feita a análise laboratorial?
O laboratório coleta ou recebe a amostra, realiza medições específicas por métodos colorimétricos ou instrumentais e fornece um relatório técnico interpretativo.
5. O que fazer se os níveis estiverem acima do permitido?
É necessário identificar a fonte da contaminação e adotar medidas corretivas — como tratar a água, melhorar o saneamento ou ajustar o uso de fertilizantes.





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