Análise de Amianto na Água: Entenda os Riscos, Métodos e Importância do Monitoramento
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 13 de nov. de 2022
- 7 min de leitura
Introdução: O amianto e o risco invisível na água
O amianto, também conhecido como asbesto, é um nome genérico dado a um grupo de minerais naturais fibrosos, amplamente utilizados no passado em materiais de construção, isolamentos térmicos e produtos industriais devido à sua resistência e durabilidade.
No Brasil, o amianto teve seu uso intensivo entre as décadas de 1950 e 1990, especialmente em telhas, caixas d’água, freios automotivos e tubulações de fibrocimento.
Apesar de sua utilidade técnica, o amianto é classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como um agente carcinogênico do Grupo 1, ou seja, comprovadamente capaz de causar câncer em seres humanos.
A exposição às fibras de amianto está associada a doenças graves, como asbestose, mesotelioma e câncer de pulmão.
Embora a maioria das discussões sobre amianto esteja relacionada à inalação de partículas em suspensão no ar, um tema menos abordado — mas igualmente relevante — é a presença de fibras de amianto na água.
Isso ocorre principalmente devido à degradação de materiais contendo amianto em sistemas hidráulicos, como caixas d’água antigas, tubulações de fibrocimento e reservatórios residenciais ou industriais.
Com o passar do tempo, a ação da água, variações de temperatura e processos de corrosão podem liberar pequenas fibras do material para o líquido armazenado ou distribuído.
Essas fibras, invisíveis a olho nu, podem permanecer em suspensão, sendo ingeridas por meio da água potável.
Diante disso, a análise de amianto na água torna-se uma ferramenta essencial para avaliar a qualidade da água e proteger a saúde pública, garantindo que o consumo e o uso do recurso hídrico estejam dentro dos padrões de segurança estabelecidos pelas normas nacionais e internacionais.

O que é o amianto e como ele pode contaminar a água
Tipos de amianto
Existem dois grandes grupos de amianto, classificados de acordo com a estrutura de suas fibras:
Serpentina (crisotila): é o tipo mais utilizado no Brasil e possui fibras flexíveis e enroladas. Ainda hoje, pode ser encontrado em caixas d’água, telhas e tubos de fibrocimento antigos.
Anfibólios (amosita, crocidolita, tremolita, actinolita e antofilita): apresentam fibras mais rígidas e alongadas, com maior potencial de causar doenças. Seu uso foi banido há mais tempo devido à sua alta toxicidade.
Em ambos os casos, as fibras são extremamente finas — algumas com diâmetro inferior a 0,01 micrômetro — e podem se desprender dos materiais em que foram incorporadas, migrando para o ambiente.
No caso da água, isso ocorre principalmente em instalações antigas, onde a degradação mecânica e química das superfícies de fibrocimento pode liberar pequenas quantidades de amianto.
Mecanismos de liberação
A liberação de fibras de amianto na água depende de diversos fatores:
Idade e estado de conservação das tubulações e caixas d’água;
Composição química da água, especialmente seu pH e teor de sais dissolvidos;
Fluxo e pressão da água no sistema, que podem causar abrasão;
Presença de biofilmes ou incrustações, que podem reter e liberar fibras ao longo do tempo.
Estudos realizados por instituições como a FUNASA e universidades brasileiras demonstram que, em tubulações de fibrocimento mais antigas, pode ocorrer desprendimento gradual de fibras.
Embora a maioria dessas partículas fique retida no sistema, parte pode atingir o ponto de consumo.
Persistência e invisibilidade
As fibras de amianto não se dissolvem na água, não possuem cor, odor ou sabor. Isso significa que a contaminação não pode ser detectada visualmente, nem com testes convencionais de potabilidade.
Somente métodos laboratoriais especializados são capazes de identificar e quantificar a presença dessas fibras, reforçando a importância da análise periódica.
Riscos à saúde e à segurança ambiental
Inalação versus ingestão
Grande parte das doenças relacionadas ao amianto resulta da inalação de fibras suspensas no ar.
Contudo, a ingestão de fibras presentes na água também é motivo de preocupação crescente.
Ainda que os efeitos exatos da ingestão sejam menos compreendidos, pesquisas sugerem que as fibras podem se acumular em tecidos do trato gastrointestinal e potencialmente contribuir para o desenvolvimento de cânceres gastrointestinais.
A OMS reconhece que, embora as evidências sobre riscos via ingestão sejam mais limitadas do que as relacionadas à inalação, não se pode descartar completamente o potencial carcinogênico dessa exposição.
Impactos ambientais
Além dos riscos à saúde humana, a presença de amianto em sistemas hídricos pode impactar ecossistemas aquáticos.
As fibras não se degradam facilmente, permanecendo no ambiente por longos períodos. Quando lançadas em corpos d’água, podem se acumular em sedimentos e afetar organismos filtradores, como moluscos e crustáceos.
Limites regulatórios e diretrizes
A Portaria GM/MS nº 888/2021, que define os padrões de potabilidade da água no Brasil, não estabelece um limite específico para fibras de amianto.
No entanto, recomenda a avaliação de materiais de construção e sistemas de armazenamento para evitar fontes potenciais de contaminação.
Em nível internacional, a EPA (Environmental Protection Agency) dos Estados Unidos adota um limite máximo de 7 milhões de fibras por litro de água, considerando apenas fibras com comprimento superior a 10 micrômetros.
Esse parâmetro serve como referência para muitas análises realizadas em laboratórios ambientais e de controle sanitário.
Métodos laboratoriais de análise de amianto na água
A análise de amianto na água é um processo técnico e minucioso, que requer infraestrutura laboratorial adequada e profissionais capacitados. A seguir, apresentamos as principais etapas e metodologias empregadas:
Coleta e preservação da amostra
A amostragem deve ser realizada em frascos limpos e isentos de fibras, preferencialmente de vidro borossilicato ou polietileno de alta densidade.
O volume ideal é de 10 a 20 litros de água, de modo a garantir quantidade suficiente para a detecção.
A amostra deve ser mantida refrigerada (entre 2 °C e 6 °C) e analisada em até 48 horas. O transporte deve evitar vibrações excessivas, que poderiam alterar a distribuição das fibras em suspensão.
Preparação da amostra e filtração
A etapa de preparação envolve a filtração da amostra através de membranas com poros extremamente finos (geralmente de 0,45 µm ou menos), que retêm as fibras presentes. O material retido é seco e transferido para análise microscópica.
Técnicas de detecção
As técnicas mais utilizadas para a detecção e quantificação de fibras de amianto em água incluem:
Microscopia óptica de contraste de fase (MOCF): utilizada para contagem preliminar de fibras, especialmente em concentrações mais elevadas.
Microscopia eletrônica de varredura (MEV): permite visualização em alta resolução e análise morfológica detalhada das fibras.
Microscopia eletrônica de transmissão (MET): considerada o padrão-ouro para identificação, pois permite distinguir o tipo de amianto (crisotila ou anfibólio) com base em características cristalográficas.
Difração de raios X (DRX): empregada em alguns casos para confirmação da composição mineralógica.
Cada técnica tem suas vantagens e limitações. Em laboratórios acreditados, a escolha do método depende da sensibilidade requerida e do tipo de amostra analisada.
Interpretação dos resultados
Os resultados são expressos em número de fibras por litro (f/L). A interpretação deve considerar os limites de detecção e os parâmetros de referência adotados.
Quando a concentração de fibras ultrapassa valores considerados seguros, recomenda-se a investigação das fontes de contaminação e a substituição dos materiais potencialmente emissores.
Boas práticas e controle de risco
Avaliação e substituição de materiais
Proprietários de imóveis antigos devem verificar se suas caixas d’água, telhas e tubulações são de fibrocimento com amianto.
Caso positivo, é recomendável planejar a substituição gradual desses componentes por alternativas seguras, como polietileno, PVC ou aço inoxidável.
Limpeza adequada de reservatórios
A limpeza de caixas d’água de fibrocimento exige cuidados especiais. Jamais se deve utilizar jatos de alta pressão ou abrasivos, pois isso pode desprender fibras.
O ideal é contratar empresas especializadas, que adotem protocolos seguros e utilizem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.
Manutenção preventiva
Além da substituição de materiais, é importante realizar inspeções periódicas, observando sinais de desgaste, trincas ou erosão nas superfícies.
A prevenção é a medida mais eficaz para evitar a liberação de fibras na água potável.
O papel do laboratório na análise de amianto na água
A análise de amianto na água é um serviço altamente especializado, que exige rigor técnico e equipamentos de ponta.
O laboratório atua desde a coleta e preparação da amostra até a identificação e quantificação das fibras.
Nosso laboratório realiza análises com base em metodologias reconhecidas internacionalmente, garantindo confiabilidade, rastreabilidade e conformidade com normas ambientais e de saúde pública.
Os laudos emitidos fornecem informações detalhadas sobre a presença (ou ausência) de fibras de amianto, permitindo que clientes — sejam empresas, condomínios, órgãos públicos ou consumidores domésticos — tomem decisões seguras sobre manutenção e substituição de sistemas de água.
Com estrutura acreditada e equipe técnica qualificada, oferecemos atendimento personalizado, prazos ágeis e suporte técnico em todas as etapas do processo.
Ao contratar o serviço de análise de amianto na água, você garante segurança, transparência e conformidade com as exigências legais e ambientais.

Conclusão
O amianto representa um dos maiores desafios de saúde ambiental do século XX e continua sendo uma preocupação atual, especialmente em infraestruturas antigas.
Embora seu uso tenha sido restrito, a presença residual em materiais de construção ainda expõe a população a riscos invisíveis, incluindo a possível contaminação da água potável.
A análise de amianto na água é uma medida preventiva essencial, que contribui para proteger a saúde pública e garantir a qualidade do abastecimento.
Investir em monitoramento, substituição de materiais e práticas seguras é um passo importante rumo a um ambiente mais saudável e sustentável.
Se você suspeita que seu sistema de água possa conter materiais com amianto, entre em contato com nosso laboratório.
Nossa equipe técnica está preparada para orientá-lo e realizar análises precisas, assegurando a conformidade com as normas e a proteção da sua saúde.
A Importância de Escolher o Lab2bio
Com anos de experiência no mercado, o Lab2bio possui um histórico comprovado de sucesso em análises laboratoriais.
Empresas do setor alimentício, indústrias farmacêuticas, laboratórios e outros segmentos confiam no Lab2bio para garantir a segurança e qualidade da água utilizada em suas atividades.
Evitar riscos de contaminação é um compromisso com a saúde de seus clientes e com a longevidade do seu negócio. Investir em análises periódicas é um diferencial que fortalece sua reputação e evita prejuízos futuro.
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FAQ — Perguntas Frequentes
1. O que é amianto?
É um conjunto de minerais fibrosos naturais usados em materiais de construção, conhecidos por sua resistência e isolamento térmico.
2. O amianto pode estar presente na água?
Sim. Tubulações e caixas d’água antigas feitas com fibrocimento contendo amianto podem liberar fibras para a água.
3. Como posso saber se há amianto na minha água?
Somente por meio de análise laboratorial específica, que utiliza microscopia eletrônica para detectar as fibras.
4. É perigoso ingerir água com amianto?
Os riscos via ingestão ainda são estudados, mas há indícios de efeitos negativos à saúde gastrointestinal. Por isso, a análise preventiva é recomendada.
5. O que devo fazer se houver fibras de amianto na água?
Identificar a fonte da contaminação, substituir materiais antigos e realizar monitoramento periódico.
6. O laboratório realiza coleta das amostras?
Sim, oferecemos serviço completo, desde a coleta até a emissão do laudo técnico.
7. O serviço é indicado apenas para empresas?
Não. O serviço pode ser solicitado por residências, condomínios, indústrias e órgãos públicos.





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