Análise de DQO na Água: Entenda o que é, como é feita e por que é essencial para avaliar a qualidade da água
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 14 de set. de 2022
- 6 min de leitura
Introdução: O que é DQO e por que ela importa
Quando falamos em qualidade da água — seja para consumo humano, reúso industrial ou descarte ambiental — um dos parâmetros mais importantes a ser avaliado é a Demanda Química de Oxigênio (DQO).
Esse indicador fornece uma estimativa da quantidade de matéria orgânica e inorgânica oxidável presente na amostra de água, servindo como uma ferramenta indispensável para medir o grau de poluição e a eficiência de processos de tratamento.
A DQO representa, de forma indireta, a carga de contaminantes que consomem oxigênio quando degradados quimicamente.
Em termos simples, quanto maior a DQO, maior é a concentração de substâncias que exigem oxigênio para se decompor — e, consequentemente, maior é o potencial poluidor daquela água ou efluente.
Esse parâmetro é amplamente utilizado em análises ambientais, monitoramento de estações de tratamento de esgoto (ETE), indústrias e laboratórios que controlam e avaliam efluentes domésticos, industriais e corpos hídricos naturais.
Mas afinal, o que a DQO realmente mede? Como o teste é feito? E por que sua determinação é tão importante para a gestão da qualidade da água? Vamos aprofundar essas respostas a seguir.

Entendendo a DQO: conceito e fundamentos teóricos
A Demanda Química de Oxigênio (DQO) é definida como a quantidade de oxigênio equivalente necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica e inorgânica presente em uma amostra de água sob condições específicas de temperatura e tempo.
O princípio da análise está na oxidação química da matéria orgânica por um agente oxidante forte, geralmente o dicromato de potássio (K₂Cr₂O₇), em meio ácido e na presença de catalisadores metálicos, como o sulfato de prata (Ag₂SO₄).
O processo ocorre em refluxo (ou em sistema fechado, no caso dos métodos modernos), e a quantidade de oxidante consumida é proporcional à concentração de substâncias oxidáveis na amostra.
Matematicamente, a DQO é expressa em miligramas de oxigênio por litro (mg O₂/L) — a mesma unidade usada na Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), o que permite comparações diretas entre os dois parâmetros.
Relação entre DQO e DBO
A DBO mede apenas a matéria orgânica biodegradável — ou seja, aquela que pode ser oxidada por microrganismos em um processo biológico.
Já a DQO mede toda a matéria oxidável, incluindo substâncias que não são biodegradáveis (como compostos sintéticos ou tóxicos).
Em geral:
DBO < DQO, pois a DQO inclui frações não biodegradáveis.
A relação DQO/DBO pode indicar o grau de biodegradabilidade de um efluente.
Se DQO/DBO ≈ 2, o efluente é altamente biodegradável.
Se DQO/DBO > 3, há baixa biodegradabilidade, sugerindo presença de poluentes recalcitrantes.
A importância ambiental e industrial da DQO
O monitoramento da DQO é fundamental em diversos contextos — ambientais, sanitários e industriais.
Entender seu papel é essencial para o controle da poluição e o cumprimento de normas legais.
Avaliação da poluição em corpos d’água
Em rios, lagos ou represas, altos valores de DQO indicam excesso de matéria orgânica e inorgânica, que pode levar à depleção de oxigênio dissolvido, comprometendo a vida aquática e os processos naturais de autodepuração.
As agências ambientais, como a CETESB e a ANA, utilizam a DQO como parâmetro de referência em programas de monitoramento da qualidade da água, classificando corpos hídricos conforme o grau de poluição.
Controle de processos industriais
Indústrias que utilizam grandes volumes de água — como têxteis, alimentícias, farmacêuticas e químicas — precisam controlar rigorosamente a carga orgânica de seus efluentes antes do descarte.
A DQO é utilizada:
Para monitorar a eficiência de sistemas de tratamento (biológicos, físico-químicos, de membranas etc.);
Para avaliar a conformidade com limites legais de lançamento;
E para otimizar processos de reúso e reciclagem da água.
Parâmetro obrigatório em legislações ambientais
A Resolução CONAMA nº 430/2011 e normas estaduais, como as da CETESB, estabelecem valores máximos de DQO para o lançamento de efluentes.
Assim, a análise laboratorial desse parâmetro é essencial para que empresas estejam em conformidade com a legislação ambiental vigente.
Métodos de análise de DQO na água
A determinação da DQO pode ser realizada por diferentes métodos, conforme a natureza da amostra e o nível de precisão desejado.
Os dois principais são o método do refluxo aberto (clássico) e o método de refluxo fechado (moderno, com digestão em bloco).
Método do refluxo aberto (clássico)
É o método tradicional, descrito em manuais clássicos de análise de água (como o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater).
A amostra é digerida com dicromato de potássio em ácido sulfúrico, aquecida por 2 a 3 horas sob refluxo, e a quantidade de dicromato consumido é determinada por titulação com sulfato ferroso amoniacal (FAS).
Vantagens:
Alta precisão e robustez.
Permite análise de amostras com ampla faixa de DQO.
Desvantagens:
Uso de reagentes tóxicos (Cr⁶⁺).
Exige tempo de digestão elevado e infraestrutura de vidro resistente.
Método de refluxo fechado (digestão em bloco ou micro-refluxo)
É o método mais utilizado atualmente em laboratórios ambientais, devido à sua segurança, rapidez e eficiência.
A amostra é colocada em tubos de digestão hermeticamente fechados, contendo os reagentes necessários.
A digestão ocorre em bloco aquecido (geralmente a 150 °C por 2 horas), e a leitura é feita por colorimetria — geralmente em espectrofotômetro.
Vantagens:
Maior segurança e reprodutibilidade.
Menor consumo de reagentes e geração de resíduos.
Compatível com equipamentos automatizados.
Desvantagens:
Custo inicial de equipamentos.
Possível interferência de cloretos (que podem oxidar o dicromato).
Métodos alternativos e tendências
Nos últimos anos, vêm sendo estudados métodos livres de dicromato, com oxidantes menos tóxicos (como o permanganato ou peróxidos), e também sensores eletroquímicos e sistemas ópticos portáteis para análise rápida de DQO em campo.
Essas tecnologias visam reduzir impactos ambientais e agilizar decisões em processos industriais.
Aplicações práticas da análise de DQO na rotina de um laboratório
Nos laboratórios ambientais, a análise de DQO é uma das mais solicitadas tanto por empresas quanto por órgãos públicos. Algumas aplicações práticas incluem:
Avaliação de efluentes industriais: para controle operacional e cumprimento de licenças ambientais.
Monitoramento de estações de tratamento de esgoto (ETE): para verificar a eficiência de remoção da carga orgânica.
Controle de qualidade em águas de reúso e processos industriais: garantindo segurança e conformidade com padrões técnicos.
Estudos de impacto ambiental e planos de despoluição hídrica.
Cada amostra deve ser coletada e preservada de forma adequada, pois o tempo e as condições de armazenamento influenciam diretamente no resultado.
Normalmente, utiliza-se ácido sulfúrico para preservação e armazenamento refrigerado até a análise.
Boas práticas e cuidados na análise laboratorial
A confiabilidade dos resultados depende de boas práticas laboratoriais, que incluem:
Calibração periódica dos equipamentos;
Utilização de reagentes certificados;
Controle de interferentes, especialmente cloretos e nitritos;
Aplicação de brancos analíticos e padrões de recuperação;
Treinamento da equipe técnica e rastreabilidade dos resultados.
O laboratório deve seguir protocolos reconhecidos, como os da ABNT NBR 10357 e do Standard Methods 5220, garantindo qualidade analítica e rastreabilidade.
Por que realizar a análise de DQO com um laboratório acreditado
Optar por um laboratório acreditado pela ISO/IEC 17025 é fundamental para garantir que os resultados da análise sejam confiáveis, comparáveis e aceitos por órgãos ambientais.
Um laboratório com estrutura moderna, equipe técnica especializada e métodos validados oferece:
Precisão e rastreabilidade dos dados;
Atendimento às exigências legais;
Relatórios técnicos claros e completos;
Apoio técnico para interpretação dos resultados e tomada de decisão ambiental.

Conclusão
A análise de DQO na água é um dos pilares do controle ambiental moderno. Ela permite avaliar o impacto de atividades humanas sobre os recursos hídricos, monitorar a eficiência de sistemas de tratamento e assegurar que o descarte ou reúso de efluentes ocorra de forma responsável.
Seja para indústrias, estações de tratamento ou projetos ambientais, conhecer e aplicar corretamente esse parâmetro é essencial para garantir a sustentabilidade, o cumprimento da legislação e a preservação dos ecossistemas aquáticos.
O laboratório atua com tecnologia avançada e métodos padronizados para análise de DQO em águas e efluentes, oferecendo suporte técnico completo, resultados confiáveis e atendimento personalizado às necessidades de cada cliente.
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FAQ – Perguntas Frequentes sobre Análise de DQO na Água
1. Qual é a diferença entre DQO e DBO?
A DQO mede toda a matéria oxidável (orgânica e inorgânica), enquanto a DBO avalia apenas a fração biodegradável da matéria orgânica.
2. Por que a DQO é importante?
Porque indica o potencial poluidor de uma água ou efluente e é parâmetro obrigatório em monitoramentos ambientais.
3. O que pode interferir na análise?
Altos teores de cloretos, presença de metais pesados ou compostos inorgânicos oxidáveis.
4. Qual o prazo ideal para análise após a coleta?
Até 7 dias, com preservação ácida e refrigeração adequada.
5. Quais são os limites legais de DQO?
Variam conforme a atividade e a legislação local, mas a Resolução CONAMA 430/2011 exige redução mínima de 60% da DQO antes do lançamento do efluente.





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