Como tratar efluentes com alta carga orgânica ou metais pesados
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 18 de jun. de 2022
- 5 min de leitura
Introdução
O tratamento de efluentes é um dos maiores desafios ambientais da atualidade, especialmente quando esses resíduos líquidos apresentam alta carga orgânica ou estão contaminados com metais pesados.
Ambos os casos representam riscos significativos à saúde humana, aos ecossistemas aquáticos e à sustentabilidade das atividades industriais.
No Brasil, a legislação ambiental, como a Resolução CONAMA nº 430/2011, estabelece limites para o lançamento de efluentes em corpos receptores, obrigando empresas de diferentes setores a adotarem tecnologias eficientes de tratamento.
Além de atender à legislação, investir em processos adequados de tratamento traz benefícios diretos, como redução de multas, melhoria da imagem institucional, economia de recursos hídricos e possibilidade de reuso da água.
Neste artigo, vamos explorar de forma detalhada as principais abordagens e tecnologias voltadas ao tratamento de efluentes com alta carga orgânica ou contendo metais pesados, apresentando fundamentos técnicos, exemplos práticos e soluções laboratoriais que apoiam empresas no monitoramento e controle desses processos.

O que são efluentes com alta carga orgânica ou metais pesados?
Alta carga orgânica
Efluentes com alta carga orgânica são caracterizados por concentrações elevadas de matéria orgânica biodegradável, geralmente medidas por parâmetros como:
DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) – quantidade de oxigênio necessária para microrganismos degradarem a matéria orgânica.
DQO (Demanda Química de Oxigênio) – quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica e outros compostos presentes.
ST (Sólidos Totais) e STV (Sólidos Totais Voláteis) – refletem a quantidade de resíduos sólidos dissolvidos e suspensos.
Esse tipo de efluente é típico de indústrias como:
Alimentos e bebidas (laticínios, frigoríficos, cervejarias).
Papel e celulose.
Curtumes.
Usinas sucroalcooleiras.
Se descartados sem tratamento, esses efluentes podem causar eutrofização de rios e lagos, depleção de oxigênio dissolvido e mortalidade de peixes.
Metais pesados
Metais pesados como cádmio, chumbo, mercúrio, níquel, cromo e arsênio são altamente tóxicos mesmo em baixas concentrações.
Ao contrário da matéria orgânica, eles não são biodegradáveis, acumulando-se nos organismos vivos por bioacumulação e biomagnificação.
Efluentes com metais pesados são comuns em setores como:
Indústria metalúrgica.
Galvanoplastia e tratamento de superfícies.
Mineração.
Indústria têxtil (uso de corantes com metais).
Indústria eletrônica.
A presença desses contaminantes pode causar doenças graves em humanos, incluindo distúrbios neurológicos, renais e até mesmo câncer.
Tecnologias para tratamento de efluentes com alta carga orgânica
Tratamentos físico-químicos
Coagulação e floculação: utilização de coagulantes (como sais de alumínio ou ferro) para aglomerar partículas e reduzir turbidez.
Decantação: separação da fase sólida da líquida.
Flotação por ar dissolvido (FAD): remoção de sólidos suspensos e gorduras por microbolhas de ar.
Esses métodos são eficientes como tratamento preliminar ou secundário, mas não eliminam totalmente a carga orgânica.
Tratamento biológico aeróbio
Lodos ativados: sistema em que microrganismos degradam a matéria orgânica em presença de oxigênio.
Reatores biológicos de membrana (MBR): combinação de processos biológicos com membranas filtrantes, resultando em efluente de alta qualidade.
Vantagem: alta eficiência na remoção de DBO e DQO.
Desvantagem: elevado consumo de energia para aeração.
Tratamento biológico anaeróbio
Reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket): muito utilizados no Brasil em usinas e indústrias de alimentos.
Biodigestores: convertem matéria orgânica em biogás, que pode ser aproveitado como energia.
Vantagem: produção de energia limpa (biogás).
Desvantagem: tempo de partida mais longo.
Tecnologias emergentes
Biorremediação avançada: uso de microrganismos geneticamente modificados para degradar compostos mais complexos.
Processos oxidativos avançados (POA): utilização de radicais hidroxila para oxidar compostos orgânicos resistentes.
Tecnologias para tratamento de efluentes com metais pesados
Precipitação química
Adição de agentes precipitantes (como hidróxidos ou sulfetos) que reagem com os metais formando compostos insolúveis, posteriormente removidos por sedimentação.
Adsorção
Uso de materiais como carvão ativado, zeólitas, argilas modificadas e biossorventes (cascas de frutas, resíduos agrícolas) para reter íons metálicos.
Troca iônica
Aplicação de resinas que trocam íons presentes em sua estrutura por íons metálicos da solução.
Tecnologias de membranas
Nanofiltração e osmose reversa: barreiras físicas altamente seletivas que removem metais e outros contaminantes.
Limitação: custo elevado e necessidade de pré-tratamento.
Biorremediação com microrganismos e algas
Algumas espécies têm capacidade de acumular metais pesados em sua biomassa. Essa técnica vem ganhando espaço como solução sustentável e de baixo custo.
Monitoramento laboratorial: a base para um tratamento eficiente
O sucesso de qualquer processo de tratamento depende de monitoramento constante. Um laboratório especializado pode oferecer:
Análise físico-química de efluentes: DBO, DQO, pH, sólidos, turbidez.
Análise de metais pesados: técnicas como espectrometria de absorção atômica (AAS) ou ICP-OES.
Ensaios microbiológicos: identificação de microrganismos presentes e sua viabilidade em processos biológicos.
Estudos de tratabilidade: testes em escala laboratorial que simulam o comportamento dos efluentes diante de diferentes tecnologias.
Essa etapa é crucial para determinar qual processo será mais eficiente para cada tipo de efluente, evitando custos excessivos e garantindo conformidade legal.
Exemplos práticos de aplicação
Indústria de laticínios: efluentes ricos em gorduras e proteínas tratados com sistemas anaeróbios UASB, gerando biogás para cogeração.
Indústria de galvanoplastia: uso de precipitação química para remoção de cromo hexavalente, combinado com polimento por osmose reversa.
Usinas sucroalcooleiras: tratamento de vinhaça (resíduo altamente orgânico) em biodigestores, reduzindo poluição e produzindo biometano.
Esses exemplos demonstram que não existe solução única, mas sim um conjunto de tecnologias que devem ser integradas conforme as características de cada efluente.
Benefícios de investir em soluções laboratoriais e de tratamento
Redução de riscos legais e ambientais.
Economia de água por meio do reuso.
Melhoria da imagem institucional e sustentabilidade.
Possibilidade de aproveitamento energético (no caso de biodigestores).
Segurança para trabalhadores e comunidades no entorno.

Conclusão
Tratar efluentes com alta carga orgânica ou metais pesados não é apenas uma exigência legal, mas também uma estratégia de responsabilidade socioambiental e de competitividade empresarial.
O monitoramento contínuo aliado à escolha correta de tecnologias garante a eficiência do processo, a redução de custos e a preservação dos recursos naturais.
Nosso laboratório está preparado para apoiar indústrias de diferentes setores na análise, monitoramento e desenvolvimento de soluções específicas para o tratamento de efluentes, garantindo conformidade e sustentabilidade.
A Importância de Escolher o Lab2bio
Com anos de experiência no mercado, o Lab2bio possui um histórico comprovado de sucesso em análises laboratoriais.
Empresas do setor alimentício, indústrias farmacêuticas, laboratórios e outros segmentos confiam no Lab2bio para garantir a segurança e qualidade da água utilizada em suas atividades.
Evitar riscos de contaminação é um compromisso com a saúde de seus clientes e com a longevidade do seu negócio. Investir em análises periódicas é um diferencial que fortalece sua reputação e evita prejuízos futuro.
Para saber mais sobre Análise de Água com o Laboratório LAB2BIO - Análises de Ar, Água, Alimentos, Swab e Efluentes ligue para (11) 91138-3253 (WhatsApp) ou (11) 2443-3786 ou clique aqui e solicite seu orçamento.
FAQ - PERGUNTAS FREQUENTES
1. O que é carga orgânica em efluentes?
É a quantidade de matéria orgânica biodegradável presente, geralmente medida em termos de DBO e DQO.
2. Quais metais pesados são mais preocupantes em efluentes industriais?
Chumbo, mercúrio, cádmio, cromo, níquel e arsênio, devido à sua toxicidade e persistência ambiental.
3. É possível reutilizar a água após o tratamento de efluentes?
Sim. Dependendo da tecnologia empregada, a água pode ser reutilizada em processos industriais, lavagem de equipamentos e até em usos mais nobres, desde que atenda aos parâmetros de qualidade exigidos.
4. Qual é o papel do laboratório nesse processo?
O laboratório realiza análises que identificam a composição do efluente, indicam a eficiência dos tratamentos aplicados e auxiliam na escolha das melhores tecnologias.
5. O tratamento de efluentes pode gerar energia?
Sim. No caso de tratamentos anaeróbios, a matéria orgânica pode ser convertida em biogás, que serve como fonte de energia renovável.





Comentários