Análise de Óleos e Graxas na Água: Entenda a Importância, os Métodos e as Aplicações Práticas
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 30 de nov. de 2021
- 7 min de leitura
Introdução
A presença de óleos e graxas na água é um dos principais indicadores de contaminação orgânica em sistemas aquáticos e efluentes industriais.
Embora sejam substâncias amplamente utilizadas no cotidiano — em processos industriais, transporte, alimentos e até mesmo em residências —, quando descartadas inadequadamente, essas substâncias podem causar sérios impactos ambientais, prejudicar o funcionamento de estações de tratamento e comprometer a qualidade da água destinada ao consumo humano.
A análise de óleos e graxas na água é, portanto, uma ferramenta essencial no monitoramento da qualidade de corpos hídricos e efluentes.
Ela permite identificar e quantificar compostos lipídicos insolúveis em água, como hidrocarbonetos, gorduras, ceras e óleos vegetais ou minerais, que podem interferir nos ecossistemas aquáticos e nas operações de tratamento de água e esgoto.
Mais do que um requisito legal, essa análise é um instrumento técnico de gestão ambiental e de controle de processos.
Com o avanço das normas ambientais e o fortalecimento de políticas de sustentabilidade, tornou-se indispensável para indústrias, concessionárias de saneamento e instituições públicas que lidam com o uso e descarte de recursos hídricos.
Neste artigo, vamos compreender o que são óleos e graxas, como se comportam na água, por que sua presença é preocupante, quais os principais métodos laboratoriais utilizados na análise de óleos e graxas na água, e de que forma o laudo técnico dessa análise pode orientar decisões ambientais e de conformidade.

O que são óleos e graxas e por que aparecem na água
Composição e características
O termo “óleos e graxas” é usado para designar uma ampla variedade de substâncias orgânicas insolúveis em água e que apresentam afinidade com solventes apolares (como hexano, n-hexano, éter de petróleo, clorofórmio ou tricloroetileno).
Em termos químicos, são compostos predominantemente formados por triglicerídeos, ácidos graxos livres, ceras, hidrocarbonetos e derivados de petróleo.
A diferença básica entre óleo e graxa está no estado físico e na composição:
Óleos: líquidos à temperatura ambiente, geralmente de origem vegetal ou mineral.
Graxas: semissólidas, formadas pela mistura de óleo com agentes espessantes, como sabões metálicos ou silicatos.
Esses compostos podem ter origem natural (como óleos vegetais e gorduras animais) ou sintética (como lubrificantes industriais e derivados petroquímicos).
Quando entram em contato com a água — seja por derramamento, vazamento, uso industrial ou descarte doméstico —, tendem a formar películas superficiais ou emulsões que dificultam a troca gasosa e alteram as propriedades físico-químicas da água.
Principais fontes de contaminação
A contaminação por óleos e graxas na água pode ter múltiplas origens:
Indústrias: petroquímicas, metalúrgicas, alimentícias, têxteis, frigoríficos e de processamento de pescado.
Postos de combustível e oficinas mecânicas: vazamentos de óleo lubrificante e combustíveis.
Esgoto doméstico: presença de óleos de cozinha e gorduras alimentares descartadas de forma inadequada.
Derramamentos acidentais: vazamentos em navios petroleiros, oleodutos ou plataformas de exploração.
Mesmo pequenas quantidades podem gerar efeitos significativos. Um litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água, criando uma fina película que impede a oxigenação e prejudica organismos aquáticos.
Comportamento na água
Quando entram no meio aquático, os óleos e graxas podem:
flutuar na superfície (hidrocarbonetos menos densos que a água);
emulsionar com matéria orgânica e surfactantes (como detergentes);
ou sedimentar, aderindo a partículas sólidas em suspensão.
Essas interações tornam a análise complexa e exigem métodos laboratoriais precisos, capazes de identificar e quantificar as diferentes frações de óleo e graxa presentes.
Impactos ambientais e de saúde pública
A presença de óleos e graxas na água acarreta consequências ambientais, sanitárias e operacionais.
Os impactos variam conforme o tipo de composto, a concentração e o ambiente atingido.
Impactos ambientais
Redução do oxigênio dissolvido (OD):
As películas oleosas formadas na superfície impedem a troca gasosa entre a água e o ar, diminuindo o oxigênio disponível para os organismos aquáticos.
Toxicidade para a fauna e flora:
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), presentes em óleos minerais e derivados de petróleo, são altamente tóxicos e carcinogênicos, podendo afetar o sistema nervoso, endócrino e reprodutivo de diversas espécies.
Efeitos na cadeia alimentar:
Os contaminantes lipossolúveis podem se bioacumular nos tecidos de peixes e moluscos, chegando ao consumo humano.
Alteração da qualidade estética da água:
A formação de manchas, odores e sabores desagradáveis prejudica o uso recreativo e turístico de corpos d’água.
Impactos à saúde humana
A ingestão ou contato prolongado com águas contaminadas pode causar irritações na pele, distúrbios gastrointestinais e até riscos de câncer quando há exposição a compostos aromáticos e solventes residuais.
Além disso, óleos e graxas podem comprometer o tratamento da água potável, pois interferem nos processos de filtração e coagulação, reduzindo a eficiência das estações de tratamento.
Impactos operacionais e econômicos
Nos sistemas de esgoto e estações de tratamento, as graxas formam crostas e incrustações nas tubulações, causando entupimentos e elevando os custos de manutenção.
Em indústrias, sua presença pode gerar não conformidades ambientais, multas e paralisação de atividades até a regularização dos níveis de descarte.
Metodologias laboratoriais para a análise de óleos e graxas na água
A análise de óleos e graxas na água visa determinar a concentração total desses compostos em amostras líquidas, conforme métodos padronizados por órgãos nacionais e internacionais.
Coleta e preservação das amostras
A precisão da análise começa na amostragem. É fundamental que a coleta siga critérios rigorosos para evitar contaminações e perdas.
Segundo o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW) e a ABNT NBR 10007, recomenda-se:
Utilizar recipientes de vidro previamente limpos com solventes apolares;
Adicionar ácido sulfúrico (H₂SO₄) para acidificar a amostra a pH < 2, inibindo a degradação biológica;
Armazenar sob refrigeração (≤ 4 °C) e analisar em até 28 horas.
Métodos clássicos de determinação
a) Método gravimétrico (EPA 1664A / SMEWW 5520B)
É o método mais difundido. Baseia-se na extração com solvente orgânico (n-hexano) e posterior evaporação para determinação da massa residual. O resultado é expresso em mg/L.
Etapas principais:
Extração dos óleos e graxas com n-hexano;
Evaporação do solvente sob temperatura controlada;
Secagem e pesagem do resíduo;
Cálculo da concentração.
É um método simples, robusto e amplamente aceito por órgãos ambientais.
b) Método infravermelho (IR – EPA 1664B)
Utiliza a espectroscopia no infravermelho para identificar ligações C–H dos compostos orgânicos após extração com solventes. É mais rápido e requer menor quantidade de reagentes, além de permitir distinguir frações polares e não polares.
c) Métodos cromatográficos
Em análises mais complexas, como diferenciação de origem vegetal, animal ou mineral, podem ser aplicadas técnicas como Cromatografia Gasosa (CG) ou Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), associadas à espectrometria de massas.
Esses métodos permitem identificar compostos específicos, o que é essencial em casos de rastreabilidade de contaminação ou estudos forenses ambientais.
Normas e legislações aplicáveis
No Brasil, os principais parâmetros legais que regulam o lançamento de efluentes e o monitoramento de óleos e graxas são:
Resolução CONAMA nº 430/2011, que estabelece limite de 20 mg/L para óleos e graxas em efluentes lançados em corpos hídricos;
Portaria de Consolidação nº 5/2017 (Anexo XX), do Ministério da Saúde, que define padrões para potabilidade da água;
ABNT NBR 9898:1987, que orienta sobre preservação e técnicas de amostragem.
Interpretação dos resultados e aplicações práticas
Os resultados da análise de óleos e graxas na água são expressos em miligramas por litro (mg/L). A interpretação depende do contexto:
Água potável: idealmente, deve apresentar valores inferiores a 1 mg/L;
Efluentes tratados: devem atender aos limites legais (geralmente ≤ 20 mg/L);
Corpos receptores (rios, lagos, mares): valores mais baixos indicam menor risco ambiental.
Como interpretar um laudo
O laudo técnico emitido pelo laboratório geralmente apresenta:
Identificação da amostra e ponto de coleta;
Método analítico utilizado;
Resultado (mg/L) e incerteza de medição;
Referência normativa;
Observações e recomendações técnicas.
A interpretação deve considerar também fatores como presença de detergentes, sólidos suspensos e emulsões, que podem interferir na extração.
Aplicações práticas
Monitoramento ambiental
Empresas utilizam os resultados para garantir que seus efluentes atendam aos padrões legais e ambientais.
Controle de processos industriais
Em refinarias, frigoríficos e indústrias alimentícias, o monitoramento contínuo permite ajustar sistemas de separação e tratamento de águas oleosas.
Tratamento de esgoto e água
Estações de tratamento ajustam suas etapas de flotação e filtração com base nas concentrações de óleos e graxas detectadas.
Investigação de acidentes ambientais
Em casos de derramamentos, as análises ajudam a determinar a extensão da contaminação e a origem do poluente.
A importância da análise laboratorial e o papel do laboratório especializado
A confiabilidade dos resultados depende da competência técnica do laboratório e da aderência às normas de qualidade.
Um laboratório acreditado segundo a ISO/IEC 17025 assegura rastreabilidade metrológica, calibração de equipamentos e controles internos rigorosos.
Entre os diferenciais de um laboratório especializado estão:
Equipe técnica capacitada em análises ambientais;
Equipamentos calibrados e metodologias atualizadas;
Rastreabilidade e controle de qualidade em todas as etapas;
Relatórios técnicos interpretativos, auxiliando o cliente na tomada de decisão.
Optar por uma análise de óleos e graxas na água realizada por um laboratório qualificado não é apenas uma exigência ambiental, mas uma garantia de segurança, conformidade e sustentabilidade.

Conclusão
A análise de óleos e graxas na água é uma das etapas mais importantes no controle da qualidade ambiental e no gerenciamento de efluentes industriais e domésticos.
Além de atender às legislações vigentes, essa análise permite identificar riscos, prevenir impactos e otimizar processos de tratamento.
Com a crescente preocupação ambiental e o fortalecimento da responsabilidade socioambiental, realizar análises periódicas é uma demonstração de compromisso com a sustentabilidade e com a saúde pública.
O laboratório atua com rigor técnico e metodologias reconhecidas, oferecendo resultados confiáveis, interpretação detalhada e suporte especializado.
Se sua empresa ou instituição precisa monitorar e garantir a conformidade da água ou dos efluentes, a análise de óleos e graxas na água é o primeiro passo para um controle ambiental eficiente e seguro.
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FAQ — Perguntas Frequentes
1. O que são óleos e graxas na água?
São compostos orgânicos insolúveis em água, provenientes de óleos vegetais, animais ou minerais, que podem causar poluição e interferir nos processos de tratamento.
2. Por que é importante analisar óleos e graxas na água?
Porque esses compostos indicam contaminação orgânica e podem afetar o meio ambiente, a saúde humana e a eficiência de sistemas de tratamento.
3. Qual o limite permitido por lei?
Segundo a Resolução CONAMA nº 430/2011, o limite máximo em efluentes é de 20 mg/L.
4. Quais métodos são utilizados para essa análise?
Os principais são o método gravimétrico (EPA 1664A) e o método infravermelho (EPA 1664B), além de técnicas cromatográficas em análises específicas.
5. Em quanto tempo o resultado fica pronto?
O prazo médio varia entre 2 e 5 dias úteis, dependendo do método e do tipo de amostra.
6. O laboratório coleta a amostra?
Sim, a coleta pode ser realizada pela equipe técnica do laboratório conforme normas de amostragem e preservação.
7. Qual o custo da análise?
O valor depende do tipo de amostra, quantidade de pontos analisados e do método solicitado. É possível solicitar um orçamento personalizado.




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