Gêneros Fúngicos em Ambientes Hospitalares: Riscos, Prevenção e Controle
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 17 de jul. de 2021
- 6 min de leitura
Introdução: A Importância do Controle Fúngico em Hospitais
Ambientes hospitalares são ecossistemas complexos onde microrganismos, incluindo fungos, podem se tornar uma ameaça significativa à saúde de pacientes, profissionais e visitantes.
Entre esses patógenos, os fungos destacam-se por sua capacidade de persistir em superfícies, resistir a condições adversas e, em muitos casos, desenvolver resistência a antifúngicos.
A presença de certos gêneros fúngicos em hospitais está associada a infecções nosocomiais, especialmente em pacientes com o sistema imunológico comprometido, como aqueles em UTIs, transplantados, ou em tratamento contra o câncer.
Estudos recentes têm demonstrado que a concentração de fungos em ambientes hospitalares muitas vezes excede os limites considerados seguros.
Por exemplo, uma pesquisa realizada em um hospital da Paraíba detectou densidades fúngicas acima do permitido em 12 de 23 salas analisadas, com destaque para alas de obstetrícia, onde a concentração era quase quatro vezes superior ao limite estabelecido pela Anvisa.
Esses dados alertam para a necessidade de monitoramento contínuo e estratégias de controle eficazes.
Neste artigo, exploraremos os gêneros fúngicos mais frequentes em ambientes hospitalares, suas características, riscos à saúde e as melhores práticas para prevenção e controle.
Além disso, apresentaremos como nosso laboratório pode auxiliar na identificação e no gerenciamento desses patógenos, contribuindo para ambientes mais seguros.

Principais Gêneros Fúngicos Encontrados em Ambientes Hospitalares
Candida spp.
O gênero Candida é um dos mais comuns e clinicamente relevantes em ambientes hospitalares.
Espécies como Candida albicans, C. glabrata, C. tropicalis e C. parapsilosis são frequentemente isoladas de superfícies, equipamentos e até mesmo das mãos de profissionais de saúde.
Essas leveduras são conhecidas por causar infecções que variam de superficiais a invasivas, como candidúria (infecção urinária) e candidemia (infecção da corrente sanguínea), esta última com taxas de mortalidade que podem atingir 40% em pacientes críticos .
Candida parapsilosis, em particular, tem ganhado destaque por sua capacidade de persistir em superfícies como maçanetas, torneiras e dispositivos médicos, servindo como um marcador de disseminação ambiental.
Sua presença em UTIs neonatais, por exemplo, está associada a surtos de infecções sanguíneas em recém-nascidos.
Aspergillus spp.
O gênero Aspergillus é amplamente distribuído no ambiente, mas sua presença em hospitais representa um risco elevado para pacientes imunocomprometidos.
Espécies como A. fumigatus e A. flavus são frequentemente detectadas em sistemas de ar condicionado, paredes úmidas e outros locais com umidade elevada.
Esses fungos podem causar aspergilose pulmonar invasiva, uma infecção grave que pode disseminar-se para outros órgãos, como cérebro, coração e rins.
Pacientes com neutropenia, câncer hematológico ou submetidos a transplantes são particularmente vulneráveis.
Estima-se que a aspergilose invasiva afete anualmente mais de 200.000 pacientes em todo o mundo, com taxas de mortalidade em torno de 50%.
Penicillium spp.
Penicillium é outro gênero frequentemente isolado em ambientes hospitalares, representando até 40% dos fungos identificados em algumas estudos.
Embora algumas espécies sejam benéficas (como a fonte da penicilina), outras podem desencadear reações alérgicas e infecções oportunistas em indivíduos imunocomprometidos.
Sua presença em ambientes internos está muitas vezes associada a sistemas de ventilação contaminados ou umidade excessiva.
Fungos Filamentosos Diversos
Outros fungos filamentosos, como Fusarium, Rhizopus, Cladosporium e Acremonium, também são detectados em hospitais, embora com menor frequência.
Esses fungos são tipicamente anemófilos (disseminados pelo ar) e podem colonizar superfícies úmidas ou com matéria orgânica acumulada.
Em pacientes críticos, podem causar infecções invasivas, como fusariose e mucormicose, estas últimas com taxas de mortalidade que variam de 30% a 80% .
Leveduras Emergentes: Candida auris
Um patógeno emergente de grande preocupação é Candida auris, identificado pela primeira vez em 2009 no Japão e desde então reportado em mais de 50 países.
Este "superfungo" é frequentemente multirresistente a antifúngicos, persistente em superfícies e associado a surtos em UTIs com altas taxas de mortalidade.
Sua rápida disseminação em ambientes hospitalares levou a OMS a classificá-lo como um patógeno de prioridade crítica.
Fatores que Favorecem a Presença e a Proliferação de Fungos em Hospitais
Condições Ambientais
A proliferação de fungos em ambientes hospitalares é favorecida por fatores como umidade elevada, temperatura amena e acúmulo de matéria orgânica.
Sistemas de ar condicionado mal mantidos são particularmente problemáticos, pois podem disseminar esporos fúngicos por múltiplos ambientes.
Estudos mostram que salas com concentrações de fungos acima de 150 UFC/m³ representam um risco aumentado para infecções.
Características dos Pacientes
Pacientes imunocomprometidos não apenas são mais suscetíveis a infecções fúngicas, mas também podem servir como reservatórios para patógenos como Candida auris, que coloniza a pele e se espalha para o ambiente.
Internações prolongadas, uso de dispositivos invasivos (como cateteres e ventiladores mecânicos) e terapia antibiótica de amplo espectro também aumentam o risco de colonização e infecção.
Práticas de Limpeza e Desinfecção Inadequadas
A persistência de fungos em superfícies hospitalares está frequentemente ligada à limpeza inadequada ou ao uso de desinfetantes ineficazes.
Pesquisas demonstram que alguns desinfetantes comuns não são capazes de eliminar fungos resistentes como Aspergillus sp. e Candida auris.
Além disso, a formação de biofilmes em superfícies pode proteger os fungos contra agentes antimicrobianos.
Ventilação e Controle de Qualidade do Ar
A qualidade do ar é um fator crítico no controle de fungos anemófilos. A Norma ANVISA estabelece que a razão entre a concentração de fungos internos e externos não deve exceder 1,5.
No entanto, em alguns hospitais, essa razão pode atingir valores tão altos quanto 5,7, como observado em salas de obstetrícia.
A implantação de filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance) em centros cirúrgicos e unidades de pacientes imunocomprometidos é uma das estratégias recomendadas para reduzir esse risco.
Estratégias de Prevenção e Controle de Fungos em Ambientes Hospitalares
✅ Monitoramento Ambiental Regular
A monitorização contínua da qualidade do ar e de superfícies é essencial para identificar precocemente a presença de fungos patogênicos.
Técnicas como amostragem ativa e passiva do ar, com quantificação de UFC/m³, permitem avaliar a eficácia das medidas de controle e identificar pontos críticos de contaminação.
✅ Limpeza e Desinfecção Eficazes
A escolha de desinfetantes de nível hospitalar com atividade comprovada contra fungos é fundamental.
Produtos à base de hipoclorito (1000 ppm) ou peróxido de hidrogênio são frequentemente recomendados para a desinfecção de superfícies.
É crucial seguir rigorosamente as concentração e tempos de ação especificados pelos fabricantes, uma vez que o uso inadequado pode selecionar linhagens resistentes.
✅ Controle da Qualidade do Ar
A manutenção regular dos sistemas de ventilação e ar condicionado, incluindo a limpeza de dutos e a substituição de filtros, ajuda a reduzir a disseminação de esporos fúngicos.
A implantação de filtros HEPA em áreas críticas, como UTIs e centros cirúrgicos, é uma prática altamente eficaz.
✅ Educação e Capacitação de Profissionais
A higienização das mãos é uma das medidas mais simples e eficazes para prevenir a transmissão de fungos.
Estudos mostram que a adesão consistentemente à higiene das mãos com água e sabão ou álcool 70% pode reduzir significativamente a incidência de infecções.
Além disso, profissionais devem ser treinados para reconhecer e reportar potenciais fontes de contaminação fúngica.
✅ Isolamento de Pacientes Colonizados
Pacientes colonizados por fungos multirresistentes, como Candida auris, devem ser isolados para prevenir a disseminação ambiental.
A desinfecção terminal rigorosa dos quartos desses pacientes é essencial para interromper cadeias de transmissão.

Conclusão
A presença de gêneros fúngicos em ambientes hospitalares representa um desafio significativo para a segurança do paciente e a qualidade da assistência à saúde.
Fungos como Candida, Aspergillus e Penicillium são frequentemente isolados em superfícies, sistemas de ar e equipamentos, podendo causar infecções graves, especialmente em pacientes imunocomprometidos.
O surgimento de patógenos multirresistentes, como Candida auris, amplia ainda mais essa ameaça.
O controle efetivo requer uma abordagem multifatorial, incluindo monitoramento ambiental rigoroso, limpeza e desinfecção adequadas, controle da qualidade do ar e capacitação contínua dos profissionais.
Nesse contexto, o Laboratório Lab2BIO coloca-se como um parceiro estratégico, oferecendo serviços especializados de diagnóstico e consultoria para mitigar os riscos associados a esses patógenos.
Investir na prevenção e no controle de fungos em ambientes hospitalares não apenas reduz a incidência de infecções nosocomiais, mas também contribui para a sustentabilidade do sistema de saúde, evitando custos adicionais com internações prolongadas e tratamentos complexos.
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❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
Quais são os fungos mais perigosos em ambientes hospitalares?
Candida auris, Aspergillus fumigatus e Candida parapsilosis estão entre os mais preocupantes devido à sua resistência a antifúngicos e associação com infecções graves.
Como os fungos se espalham em hospitais?
A disseminação ocorre principalmente através do ar (esporos) e por contato com superfícies ou equipamentos contaminados. Profissionais de saúde e visitantes também podem atuar como vetores.
Quais pacientes estão em maior risco?
Pacientes em UTIs, transplantados, indivíduos com câncer, diabetes descompensada ou AIDS, e aqueles usando corticosteroides ou antibióticos de amplo espectro.
Como prevenir infecções fúngicas em hospitais?
Estratégias incluem higiene rigorosa das mãos, uso de desinfetantes eficazes, manutenção de sistemas de ar condicionado e implantação de protocolos de isolamento para pacientes colonizados.
O que fazer em caso de surto?
Notificar a comissão de controle de infecção hospitalar, intensificar a limpeza e desinfecção, isolar pacientes colonizados e realizar rastreamento de contatos.





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