Análise de Bactérias Mesófilas Aeróbias no Ar: importância, métodos e aplicações laboratoriais
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 24 de dez. de 2021
- 7 min de leitura
Introdução: o ar que respiramos e a presença invisível das bactérias
Embora o ar seja um meio essencial à vida, raramente lembramos que ele é também um veículo de microrganismos — bactérias, fungos, vírus e partículas biológicas que circulam livremente no ambiente.
Em hospitais, indústrias alimentícias, laboratórios, escritórios e até mesmo residências, o controle microbiológico do ar é um fator crítico de segurança sanitária e qualidade ambiental.
Entre os grupos de microrganismos mais estudados nesse contexto estão as bactérias mesófilas aeróbias, também chamadas de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas.
Elas constituem uma população indicadora da qualidade microbiológica do ar e, portanto, sua presença e quantidade servem como parâmetros de referência para avaliar a eficiência de sistemas de ventilação, procedimentos de limpeza e higienização, bem como o risco potencial de contaminação em ambientes controlados.
A análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar é um dos ensaios microbiológicos mais aplicados em monitoramentos ambientais, especialmente em indústrias farmacêuticas, alimentícias, cosméticas e hospitalares.
Esse tipo de avaliação permite quantificar e identificar a carga microbiana presente no ar, fornecendo indicadores objetivos sobre as condições higiênico-sanitárias de um ambiente.
Neste artigo, abordaremos de forma técnica e acessível:
O que são as bactérias mesófilas aeróbias e por que elas são importantes;
Como é feita a análise microbiológica do ar;
Quais são as metodologias empregadas no laboratório;
Como interpretar os resultados e garantir a conformidade com normas e legislações vigentes;
E, por fim, como o laboratório pode auxiliar empresas e instituições na realização dessas análises.

O que são bactérias mesófilas aeróbias?
O termo “bactérias mesófilas aeróbias” reúne três características fundamentais desses microrganismos:
Bactérias – organismos unicelulares procariontes, que podem apresentar grande diversidade de formas e funções;
Mesófilas – desenvolvem-se melhor em temperaturas moderadas, geralmente entre 25 °C e 40 °C, faixa compatível com as condições ambientais e com o corpo humano;
Aeróbias – necessitam de oxigênio molecular para seu crescimento e metabolismo.
Essas bactérias estão naturalmente presentes no ar, na água, nos alimentos, em superfícies e no solo.
Elas não são necessariamente patogênicas, mas seu crescimento excessivo pode indicar falta de assepsia, contaminação cruzada ou falhas em processos de higienização.
Do ponto de vista microbiológico, a contagem de bactérias mesófilas aeróbias é considerada um indicador de contaminação geral, refletindo o nível de higiene e a eficácia dos controles ambientais implementados.
Principais gêneros encontrados no ar
Em análises ambientais, é comum detectar gêneros como:
Bacillus spp.
Micrococcus spp.
Staphylococcus spp.
Pseudomonas spp.
Corynebacterium spp.
Muitos desses microrganismos estão associados à flora residente humana (presentes na pele e mucosas) ou ao ambiente natural (poeira, solo, vegetação).
Assim, a presença dessas bactérias no ar de ambientes controlados pode refletir trânsito de pessoas, ventilação inadequada ou falhas na filtragem de ar.
Por que analisar bactérias mesófilas aeróbias no ar?
A análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar é essencial por múltiplas razões, que abrangem desde o controle de qualidade ambiental até a prevenção de contaminações microbiológicas em produtos e pessoas.
Indicador de qualidade do ar
Em ambientes internos, especialmente os climatizados artificialmente, a qualidade microbiológica do ar é um fator determinante para o bem-estar e segurança.
Altas contagens de bactérias mesófilas indicam acúmulo de matéria orgânica, umidade excessiva, falhas em filtros de ar ou presença de fontes de contaminação humana ou animal.
Aplicações em diferentes setores
Hospitais e clínicas: avaliação de assepsia em centros cirúrgicos, UTIs e laboratórios de microbiologia;
Indústrias alimentícias: monitoramento de salas limpas, áreas de envase, câmaras frias e processamento;
Indústrias farmacêuticas e cosméticas: controle de ar em áreas de produção estéril e não estéril;
Laboratórios e universidades: verificação da pureza do ar em áreas de pesquisa e ensaio;
Ambientes corporativos: avaliação da qualidade do ar interior (IAQ – Indoor Air Quality).
Requisitos normativos e legais
Diversas normas e legislações brasileiras contemplam a necessidade de controle microbiológico do ar. Entre elas:
RDC nº 222/2018 (ANVISA) – dispõe sobre o gerenciamento de resíduos e boas práticas de higienização em serviços de saúde;
RE nº 09/2003 (ANVISA) – estabelece padrões referenciais de qualidade do ar interior;
ISO 14698 – trata do controle biocontaminante em ambientes controlados;
ISO 14644-1 e 2 – classificam salas limpas e controlam partículas em suspensão no ar;
ABNT NBR ISO 17025 – orienta os requisitos gerais de competência de laboratórios de ensaio.
O cumprimento dessas normas exige monitoramento periódico, com registros analíticos confiáveis e rastreáveis — exatamente o que a análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar oferece.
Como é feita a análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar
A metodologia empregada pode variar conforme o objetivo do monitoramento e a natureza do ambiente, mas o princípio geral consiste em coletar amostras de ar e quantificar as colônias bacterianas viáveis após incubação.
Métodos de amostragem do ar
Existem dois principais tipos de amostragem:
a) Amostragem passiva
Baseia-se na sedimentação natural das partículas microbianas em placas de Petri contendo meio de cultura (geralmente Ágar PCA – Plate Count Agar).
As placas são expostas ao ar durante um tempo determinado (geralmente 30 min a 1 h) e posteriormente incubadas a 35 ± 2 °C por 48 h.
Após esse período, contam-se as unidades formadoras de colônias (UFC), expressas como UFC/placa/hora.
É um método simples, econômico e útil para comparações relativas entre ambientes.
b) Amostragem ativa
Nesse método, um equipamento de amostragem de ar (como impactadores ou impingers) força uma quantidade conhecida de ar a passar sobre uma placa com meio de cultura.
Dessa forma, é possível obter resultados quantitativos expressos em UFC/m³.
Os amostradores ativos permitem maior precisão e são exigidos em ambientes críticos, como salas limpas de grau A ou B.
Meios de cultura e condições de incubação
O meio mais utilizado é o Plate Count Agar (PCA), que fornece nutrientes gerais para o crescimento de bactérias heterotróficas aeróbias.
A incubação ocorre em temperatura mesofílica (35 °C ± 2) durante 48 ± 2 h, conforme metodologias como a Standard Methods for the Examination of Air and Water e a ISO 4833 (adaptada para ar).
Contagem e interpretação dos resultados
Após o período de incubação, contam-se as colônias visíveis e calcula-se a densidade microbiana com base no volume de ar amostrado.
O resultado é comparado a valores de referência definidos em normas técnicas ou critérios internos da organização.
Por exemplo:
Ambientes controlados (classe 100 ou ISO 5): valores esperados próximos de zero UFC/m³;
Salas limpas ISO 7 ou 8: até 100 UFC/m³ podem ser aceitáveis, conforme a natureza da operação;
Ambientes comuns climatizados: valores entre 300 e 700 UFC/m³ podem indicar condições regulares, mas necessitam monitoramento.
Interpretação dos resultados e ações corretivas
A simples obtenção de dados quantitativos não é suficiente: é preciso interpretar os resultados à luz do contexto ambiental e dos padrões de qualidade desejados.
Diagnóstico ambiental
Altas contagens de bactérias mesófilas aeróbias podem sugerir:
Ineficiência na filtragem de ar (filtros HEPA saturados);
Ventilação ou fluxo de ar inadequado;
Elevada densidade de ocupação humana;
Falhas em limpeza e desinfecção;
Acúmulo de poeira e matéria orgânica.
Identificação de espécies e rastreabilidade
Em alguns casos, pode-se realizar a identificação microbiológica das colônias isoladas (via testes bioquímicos ou sequenciamento genético) para determinar fontes prováveis de contaminação.
Essa rastreabilidade auxilia na tomada de decisão, por exemplo, ajustando protocolos de limpeza, manutenção de HVAC ou fluxos operacionais.
Frequência de monitoramento
A periodicidade da análise deve ser definida de acordo com o tipo de ambiente:
Ambientes críticos: monitoramento semanal ou contínuo;
Ambientes intermediários: quinzenal ou mensal;
Ambientes administrativos: trimestral.
Benefícios da análise microbiológica do ar
Os resultados obtidos têm múltiplas aplicações práticas:
Prevenção de contaminações cruzadas;
Validação de sistemas HVAC e filtros HEPA;
Comprovação de conformidade com normas ISO e ANVISA;
Melhoria das condições de trabalho e conforto ambiental;
Redução de riscos de surtos infecciosos em ambientes de saúde.
Além disso, a análise fornece evidências documentais importantes em auditorias, certificações e inspeções sanitárias.
O papel do laboratório na análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar
Um laboratório especializado desempenha funções essenciais nesse processo:
Planejamento da amostragem e definição de pontos críticos;
Coleta de amostras com equipamentos calibrados;
Incubação controlada e contagem precisa de colônias;
Elaboração de relatórios técnicos interpretativos;
Orientação sobre ações corretivas e melhoria contínua.
Ao contratar um serviço de análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar, empresas e instituições garantem não apenas dados confiáveis, mas também suporte técnico para manutenção de ambientes mais seguros e em conformidade com exigências regulatórias.

Conclusão: qualidade do ar como indicador de segurança e saúde
A análise de bactérias mesófilas aeróbias no ar é uma ferramenta indispensável para o controle microbiológico de ambientes.
Mais do que um simples número em um relatório, esse ensaio traduz o estado sanitário real do ar que respiramos — e, portanto, impacta diretamente a segurança de produtos, processos e pessoas.
Manter o ar livre de contaminações é investir em saúde, produtividade e conformidade técnica.
Laboratórios especializados oferecem a estrutura e a expertise necessárias para garantir monitoramentos confiáveis e relatórios técnicos de alto nível.
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Perguntas frequentes (FAQ)
1. O que significa “bactérias mesófilas aeróbias”?
São bactérias que crescem melhor em temperaturas moderadas (25–40 °C) e que precisam de oxigênio para se desenvolver.
2. A presença dessas bactérias no ar é perigosa?
Nem sempre. Elas não são, em geral, patogênicas, mas indicam contaminação ambiental e necessidade de higienização.
3. Com que frequência devo fazer essa análise?
Depende do ambiente. Locais críticos (como hospitais e indústrias farmacêuticas) exigem monitoramentos mais frequentes.
4. O laboratório identifica quais bactérias estão presentes?
Sim, quando necessário, podem ser realizados testes complementares para identificação das espécies isoladas.
5. Há legislação que exija esse tipo de análise?
Sim. Normas da ANVISA, ABNT e ISO recomendam ou exigem o controle microbiológico do ar em determinados ambientes.





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