Análise Físico-Química de Alimentos Enlatados: Garantia de Qualidade e Segurança na Sua Mesa
- Enfermeira Natalia Balsalobre
- 13 de jul. de 2024
- 6 min de leitura
Introdução
Ao abrir uma lata de atum, milho ou ervilhas, você já se perguntou como aquele alimento se mantém seguro, saboroso e nutritivo após meses armazenado?
A resposta reside em um processo científico rigoroso e indispensável: a análise físico-química de alimentos enlatados.
Muito mais do que um simples requisito burocrático, essa avaliação é uma ferramenta científica que assegura a qualidade, segurança e integridade dos produtos que chegam à mesa do consumidor.
Este post tem como objetivo desmistificar a complexidade por trás dessas análises.
Vamos explorar, com linguagem técnica mas acessível, os principais parâmetros avaliados, as metodologias de ponta utilizadas nos laboratórios e a importância de todo esse processo para garantir que cada lata consumida esteja em perfeitas condições, dentro dos rigorosos padrões estabelecidos pela legislação brasileira.
Compreender esse trabalho é essencial para valorizar a segurança alimentar e fazer escolhas conscientes.

O Que É uma Análise Físico-Química de Alimentos?
A análise físico-química compreende um conjunto de ensaios e procedimentos científicos realizados para determinar as propriedades físicas e químicas de um alimento.
Seu principal objetivo é verificar a composição, identificar seus componentes e avaliar como eles se comportam sob determinadas condições.
No contexto da indústria, essa análise é crucial para:
Garantir a segurança do consumo: Assegurando que o alimento esteja livre de contaminantes e não cause danos à saúde.
Verificar a conformidade com padrões legais: Atendendo aos requisitos de identidade e qualidade (PIQ) definidos por órgãos como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Controlar a qualidade e padronização do produto: Garantindo que cada lote produza um alimento com as mesmas características de sabor, textura, cor e valor nutricional.
Prevenir fraudes e adulterações: Identificando alterações na composição original do produto, como a adição indevida de água ou a substituição de ingredientes.
Em resumo, a análise físico-química é o elo entre a produção industrial e a confiança do consumidor, fornecendo dados concretos que atestam a idoneidade do alimento.
Análise de Alimentos Enlatados: O Que Avaliar e Por Que é Importante
Os alimentos enlatados passam por um processo térmico (esterilização) que garante sua conservação.
No entanto, mesmo dentro da lata, reações químicas e físicas podem ocorrer e afetar o produto.
Por isso, o controle de qualidade por meio de análises físico-químicas é contínuo. Abaixo estão os parâmetros mais críticos avaliados:
pH e Acidez Titulável: O pH é um dos indicadores mais importantes em alimentos enlatados. Ele mede o grau de acidez ou alcalinidade e é fundamental para determinar o processo de esterilização necessário. Alimentos com pH baixo (ácidos, como tomates e frutas) podem ser processados a temperaturas mais baixas, enquanto alimentos com pH alto (baixa acidez, como carnes e milho) exigem tratamentos térmicos muito mais rigorosos para eliminar microorganismos, como o Clostridium botulinum, causador do botulismo. A acidez titulável, por sua vez, mede a quantidade total de ácidos orgânicos presentes, influenciando diretamente o sabor e a estabilidade do produto.
Teor de Sólidos Solúveis ("Brix") e Cloreto de Sódio (Sal): O Brix reflete a concentração de açúcares solúveis, um parâmetro essencial para produtos como milho, ervilhas e frutas em calda, pois está diretamente relacionado ao sabor e à percepção de doçura. Já a análise do cloreto de sódio (sal) é vital para controlar o sabor e, também, atuar como conservante natural em muitos produtos, como conservas e carnes enlatadas.
Atividade de Água (aᵥ): Diferente da umidade total, a atividade de água mede a quantidade de água "livre" no alimento, ou seja, a água disponível para que ocorram reações químicas e enzimáticas e para a proliferação de microorganismos. Em enlatados, controlar a aᵥ é crucial para inibir o crescimento de bactérias, leveduras e bolores, garantindo a estabilidade microbiológica e a longa vida de prateleira do produto.
Texture Profile Analysis (TPA) e Consistência: A textura é um atributo de qualidade sensorial fundamental. No laboratório, é possível quantificá-la usando equipamentos como texturômetros. Para um grão de ervilha, avalia-se a firmeza; para uma carne enlatada, a maciez. A consistência de purês e molhos também é medida, assegurando que o produto tenha a viscosidade esperada pelo consumidor.
Cor: A cor é o primeiro atributo visual avaliado pelo consumidor. Alterações de cor em alimentos enlatados podem indicar processos de degradação, como a oxidação de pigmentos ou reações de escurecimento não-enzimático (Maillard). Colorímetros e espectrofotômetros são usados para quantificar objetivamente a coloração, garantindo a aparência atraente e padronizada do produto.
Teor de Sólidos Totrais e Umidade: A determinação do teor de sólidos totais indica a quantidade total de matéria sólida presente no alimento, após a remoção da água. Já a umidade é a medida do conteúdo de água. Esses parâmetros são importantes para o controle do processo, rotulagem nutricional e para garantir a relação adequada entre sólidos e líquido no interior da lata.
Análise de Metais Pesados e Contaminantes: Por fim, mas não menos importante, realiza-se a triagem para a presença de metais pesados (como chumbo, cádmio e estanho) e outros contaminantes. O estanho, por exemplo, pode migrar da própria embalagem para o alimento em determinadas condições. Cromatógrafos e espectrômetros de massa são equipamentos de alta precisão utilizados para detectar e quantificar essas substâncias em níveis ínfimos, porém potencialmente perigosos.
Técnicas e Equipamentos no Laboratório
Para realizar as análises dos parâmetros descritos, os laboratórios especializados contam com uma infraestrutura robusta e equipamentos de alta precisão, seguindo métodos reconhecidos internacionalmente (como os da AOAC e ISO).
O Papel da Legislação e da Conformidade
No Brasil, a produção e comercialização de alimentos enlatados são rigidamente fiscalizadas.
A ANVISA e o MAPA são os principais órgãos reguladores, publicando normas e instruções que definem os padrões de identidade e qualidade (PIQ) para cada categoria de produto.
Normas como a RDC nº 331/2019 (ANVISA), que dispõe sobre padrões microbiológicos, e diversas Instruções Normativas do MAPA (como a IN nº 160/2022, para produtos de origem vegetal), estabelecem os parâmetros físico-químicos mínimos que devem ser atendidos.
A análise físico-química periódica é, portanto, a ferramenta objetiva que as indústrias e os laboratórios independentes utilizam para demonstrar conformidade com essas regras.
Laudos técnicos precisos e confiáveis são documentos essenciais em auditorias, processos de certificação e para a liberação de produtos no mercado, inclusive para exportação.

Conclusão
A análise físico-química de alimentos enlatados é, portanto, um processo científico complexo e vital.
Ela vai muito além de simplesmente "verificar se o alimento está próprio para consumo"; é uma atividade que assegura padrão, autenticidade, valor nutricional e, acima de tudo, a segurança da saúde pública.
Cada parâmetro avaliado – do pH que previne o botulismo à cor que atrai o olhar – conta uma parte da história de um produto que foi cuidadosamente desenvolvido e monitorado para chegar com excelência à sua despensa.
Investir e confiar nesse tipo de análise não é apenas uma exigência legal, mas uma demonstração de compromisso com a qualidade e com o consumidor.
É a ciência atuando de forma silenciosa, mas incansável, para garantir que um dos atos mais básicos da vida – se alimentar – seja sempre seguro e prazeroso.
A Importância de Escolher o Lab2bio
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Evitar riscos de contaminação é um compromisso com a saúde de seus clientes e com a longevidade do seu negócio. Investir em análises periódicas é um diferencial que fortalece sua reputação e evita prejuízos futuro.
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FAQ (Perguntas Frequentes)
1. Por que o pH é tão importante para alimentos enlatados?
O pH determina a acidez do alimento e, consequentemente, o tipo e a intensidade do processo de esterilização térmica necessário. Alimentos com baixa acidez (pH alto) exigem tratamentos térmicos muito mais severos para eliminar esporos de bactérias perigosas, como o Clostridium botulinum.
2. Uma lata amassada significa que o alimento está impróprio para consumo?
Depende. Amassados leves que não afetam os bordos ou a solda da lata geralmente não representam risco. No entanto, se o amassado for profundo, estiver em uma das costuras (bordos) da lata ou houver qualquer sinal de inchaço (que indica produção de gás por microorganismos), o consumo deve ser evitado, pois a integridade do selo pode ter sido comprometida.
3. O que a análise de "cinzas" significa em um alimento?
O teor de "cinzas" não se refere a impurezas, mas sim ao conteúdo mineral total do alimento. A análise é feita queimando toda a matéria orgânica em uma mufla a alta temperatura, restando apenas os sais e minerais inorgânicos, que são então quantificados.
4. Meu laboratório está equipado para realizar todas essas análises?
Sim. Nosso laboratório possui infraestrutura moderna, equipamentos de última geração (como cromatógrafos, espectrômetros e texturômetros) e uma equipe de profissionais altamente qualificados e capacitados, seguindo rigorosos protocolos de qualidade e as mais modernas técnicas analíticas. Estamos acreditados pela norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, o que garante a confiabilidade e rastreabilidade de todos os nossos resultados.
5. Além da análise de rotina, o laboratório oferece outros serviços relacionados?
Oferecemos um portfólio completo, incluindo análises microbiológicas para detecção de patógenos, estudos de vida útil (prazo de validade), validação de processos térmicos e consultoria para desenvolvimento de novos produtos e adequação à legislação.





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