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Bolores e Leveduras: Entenda a Importância da Análise em Alimentos

Introdução


A qualidade e a segurança dos alimentos são pilares essenciais para a saúde pública e para a competitividade da indústria alimentícia.


Entre os diversos parâmetros microbiológicos avaliados, a análise de bolores e leveduras em alimentos ocupa um papel central, especialmente quando se trata de produtos com maior teor de umidade, formulações açucaradas ou processos de armazenamento prolongados.


Embora bolores e leveduras sejam organismos naturalmente presentes no ambiente e, em alguns casos, desempenhem papéis benéficos na produção de queijos, pães, vinhos e cervejas, sua presença indesejada em alimentos prontos para consumo pode gerar perdas econômicas, riscos à saúde e impacto na reputação de marcas.


A avaliação quantitativa e qualitativa desses microrganismos é uma exigência regulatória para diversas categorias de alimentos, determinada por legislações nacionais e internacionais, como as normas da ANVISA no Brasil e do Codex Alimentarius.


Os resultados obtidos em análises laboratoriais permitem identificar não apenas contaminações, mas também verificar condições higiênico-sanitárias da produção e armazenamento.


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O que são bolores e leveduras?


Para compreender a relevância dessa análise, é fundamental entender as características biológicas desses microrganismos.

  • Bolores: São fungos filamentosos, multicelulares, que se desenvolvem formando estruturas visíveis, geralmente de aspecto aveludado ou pulverulento. Crescem sobre a superfície dos alimentos, aproveitando-se de nutrientes e umidade. Produzem esporos, que podem dispersar-se facilmente pelo ar, facilitando a contaminação cruzada.

    • Exemplos comuns: Aspergillus, Penicillium, Fusarium.

  • Leveduras: São fungos unicelulares, geralmente ovais ou esféricos, que se reproduzem principalmente por brotamento. Podem causar alterações sensoriais nos alimentos, como sabor e odor desagradáveis, além de alterações na textura.

    • Exemplos comuns: Saccharomyces, Candida, Zygosaccharomyces.



Importância da análise de bolores e leveduras


A detecção e quantificação desses microrganismos são importantes porque:

  1. Preservação da qualidade sensorial – Evitar alterações de cor, sabor, odor e textura que comprometam a aceitação do produto pelo consumidor.

  2. Segurança alimentar – Algumas espécies de bolores produzem micotoxinas, compostos tóxicos que podem causar efeitos agudos ou crônicos à saúde.

  3. Atendimento a requisitos legais – Normas como a RDC nº 331/2019 da ANVISA estabelecem limites microbiológicos para diferentes categorias de alimentos.

  4. Controle de processos – Resultados de análises auxiliam na avaliação de pontos críticos de controle (PCC) no sistema APPCC.

  5. Prevenção de perdas econômicas – Reduzindo o descarte de lotes contaminados e evitando recalls.



Onde a contaminação ocorre


A presença de bolores e leveduras em alimentos pode ocorrer em diferentes etapas da cadeia produtiva:

  • Matérias-primas: Ingredientes como frutas, cereais, farinhas e especiarias são naturalmente suscetíveis à contaminação.

  • Processamento: Falhas no controle de temperatura, umidade ou higiene de equipamentos favorecem o crescimento.

  • Armazenamento e transporte: Condições inadequadas de ventilação, umidade e temperatura podem acelerar o desenvolvimento microbiano.

  • Manipulação final: Contaminação cruzada durante fracionamento ou embalagem.



Métodos laboratoriais para análise de bolores e leveduras em alimentos


A análise microbiológica de bolores e leveduras envolve um conjunto de procedimentos padronizados para garantir reprodutibilidade, precisão e rastreabilidade dos resultados.


Em geral, o objetivo é quantificar (contagem total) e, em alguns casos, identificar (determinação do gênero ou espécie) os microrganismos presentes.


1. Preparação da amostra

Antes de qualquer etapa de cultivo ou detecção, a amostra passa por um processamento inicial para garantir que o resultado seja representativo.

  • Coleta e transporte:

    • Utilização de recipientes estéreis e lacrados.

    • Manutenção em temperatura adequada (geralmente entre 2 °C e 8 °C) para evitar multiplicação ou morte microbiana.

    • Registro detalhado de lote, origem e data de coleta.

  • Homogeneização:

    • No laboratório, a amostra sólida é pesada e diluída em água peptonada ou solução salina estéril.

    • Uso de stomacher ou homogeneizadores manuais para distribuição uniforme dos microrganismos no diluente.

  • Diluições seriadas:

    • Preparadas em série decimal (10⁻¹, 10⁻², 10⁻³…) para obter colônias contáveis em placas.



Meios de cultura utilizados


A escolha do meio de cultura é essencial para favorecer o crescimento de bolores e leveduras e inibir bactérias competitivas.

  • Agar Batata Dextrose (PDA)

    • Composição: batata desidratada, dextrose e ágar.

    • Indicado para contagem geral de fungos filamentosos e leveduras.

    • Pode receber adição de antibióticos (ex.: cloranfenicol) para inibir bactérias.

  • Agar Dicloran Rosa Bengala Cloranfenicol (DRBC)

    • Formulação seletiva para contagem de bolores e leveduras em alimentos com alta carga microbiana.

    • Dicloran limita o crescimento de colônias maiores, permitindo contagem mais precisa.

  • Agar Sabouraud Dextrose (SDA)

    • Amplamente utilizado em análises clínicas e de alimentos.

    • pH levemente ácido (5,6), que inibe bactérias e favorece fungos.

  • Agar YM (Yeast Malt)

    • Preferido para isolamento de leveduras de interesse industrial ou pesquisa.



Técnicas de semeadura e incubação


O método clássico para contagem segue normas como ISO 21527-1:2008 e ISO 21527-2:2008, que tratam de alimentos com diferentes atividades de água (aw).

  • Semeadura em superfície:

    • Placas de Petri recebem 0,1 mL da diluição apropriada espalhada com alça de Drigalski ou spreader estéril.

  • Semeadura em profundidade (pour plate):

    • 1 mL da diluição é adicionado à placa, seguido de meio de cultura fundido (temperatura ~45 °C).

  • Incubação:

    • Temperatura: geralmente 25 ± 1 °C.

    • Tempo: 5 a 7 dias para bolores e leveduras, podendo se estender a 10 dias para espécies de crescimento lento.

    • Condições: incubadora tipo BOD, sem luz direta, para evitar degradação de pigmentos ou alterações de crescimento.



Contagem e interpretação de resultados


  • Unidade de medida: UFC/g (Unidades Formadoras de Colônia por grama) ou UFC/mL para líquidos.

  • Faixa ideal para contagem: 10 a 150 colônias por placa.

  • Interpretação: comparação com limites estabelecidos em regulamentos técnicos ou especificações internas da indústria.



Riscos à saúde e à qualidade dos alimentos associados a bolores e leveduras


Apesar de serem microrganismos amplamente presentes na natureza, bolores e leveduras podem representar riscos significativos quando ocorrem de forma indesejada em alimentos.


Esses riscos podem ser classificados em impactos à saúde humana e alterações sensoriais/comerciais que afetam a qualidade e a vida útil do produto.



Riscos à saúde humana


1. Micotoxinas

Micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por algumas espécies de bolores. Mesmo em baixas concentrações, podem provocar efeitos adversos graves.

  • Aflatoxinas – Produzidas por Aspergillus flavus e A. parasiticus. São hepatotóxicas e carcinogênicas, associadas principalmente a grãos, amendoim, milho e castanhas.

  • Ocratoxina A – Produzida por Aspergillus e Penicillium. Possui efeito nefrotóxico e potencial carcinogênico, encontrada em café, cereais e frutas secas.

  • Patulina – Produzida por Penicillium expansum. Comum em maçãs e sucos de maçã contaminados; pode causar distúrbios gastrointestinais.

  • Fumonisinas – Produzidas por Fusarium. Associadas a milho e derivados; podem provocar problemas neurológicos e hepáticos.

  • Zearalenona – Também de Fusarium, com atividade estrogênica, podendo afetar o sistema reprodutivo.


Características preocupantes das micotoxinas:

  • Resistência ao calor – não são destruídas por processos térmicos comuns de cozimento.

  • Estabilidade em pH variado – permanecem ativas em alimentos ácidos e básicos.

  • Potencial cumulativo – exposição contínua mesmo em pequenas doses pode gerar efeitos crônicos.


2. Infecções e infestações fúngicas

Embora mais raras que infecções bacterianas, algumas leveduras e bolores oportunistas podem causar problemas em indivíduos imunocomprometidos.

  • Candida spp. – Pode se proliferar no trato gastrointestinal em condições de desequilíbrio da microbiota.

  • Saccharomyces cerevisiae var. boulardii – Geralmente segura, mas pode causar fungemia em pacientes hospitalizados imunodeprimidos.



Impactos na qualidade dos alimentos


Mesmo quando não há risco toxicológico, a presença de bolores e leveduras pode comprometer totalmente a aceitação do produto pelo consumidor.


1. Alterações sensoriais

  • Mudança de cor – Formação de pigmentos (verde, azul, preto, rosa) sobre a superfície.

  • Textura alterada – Superfícies aveludadas, esponjosas ou viscosa no caso de leveduras.

  • Odor desagradável – Aromas terrosos, mofados ou de fermentação indesejada.

  • Sabor alterado – Amargor, acidez excessiva ou notas de álcool indesejadas.


2. Redução da vida útil

  • Produtos contaminados por bolores e leveduras geralmente apresentam deterioração mais rápida.

  • A multiplicação fúngica pode ocorrer mesmo sob refrigeração, especialmente em alimentos com pH baixo e alta umidade, como queijos frescos, molhos e sucos.



Casos práticos e histórico de contaminação


  • Caso 1 – Sucos de maçã contaminados com patulina: Em diversos países, lotes de sucos foram retirados do mercado após detecção de patulina acima do limite máximo permitido (50 µg/kg na UE).

  • Caso 2 – Amendoim e milho com aflatoxinas: No Brasil, há histórico de apreensão e destruição de lotes de amendoim destinados à exportação, devido a concentrações acima dos limites definidos pela RDC nº 7/2011 da ANVISA.

  • Caso 3 – Pães embalados com crescimento visível de bolores: Situação recorrente quando não há controle adequado de umidade e tempo de fermentação, gerando prejuízo financeiro e insatisfação do consumidor.



Legislação e limites permitidos


No Brasil, a ANVISA e o MAPA estabelecem padrões de tolerância para bolores, leveduras e micotoxinas. Exemplos:

  • RDC nº 331/2019 – Define critérios microbiológicos para alimentos prontos para consumo, incluindo limites de bolores e leveduras.

  • RDC nº 7/2011 – Define limites máximos tolerados para micotoxinas como aflatoxinas, ocratoxina A, patulina, fumonisinas e zearalenona.

  • Instruções Normativas do MAPA – Aplicáveis a alimentos de origem vegetal e animal destinados à exportação.


No âmbito internacional, regulamentos como o Codex Alimentarius e a legislação europeia (Regulamento CE nº 1881/2006) também definem parâmetros que influenciam exportações brasileiras.



Prevenção e controle de bolores e leveduras na indústria de alimentos


Embora a análise laboratorial seja essencial para detectar a presença de bolores e leveduras, a melhor estratégia para garantir segurança e qualidade é a prevenção.


Um controle eficaz começa ainda na escolha das matérias-primas e se estende até a distribuição e comercialização do produto.



Boas Práticas de Fabricação (BPF)


As BPF são a base para qualquer programa de segurança de alimentos e estão descritas em regulamentos como a RDC nº 275/2002 da ANVISA.


Entre as ações fundamentais para reduzir a presença de bolores e leveduras, destacam-se:

  • Higienização rigorosa de equipamentos e utensílios

    • Uso de detergentes e sanitizantes adequados (ex.: hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, quaternário de amônio).

    • Limpeza programada e validada com verificação microbiológica.

  • Controle de umidade

    • Reduzir a umidade relativa nos ambientes de produção para níveis abaixo de 60%, dificultando o crescimento fúngico.

    • Uso de desumidificadores e ventilação adequada.

  • Controle de temperatura

    • Armazenar matérias-primas e produtos acabados em temperaturas recomendadas para cada tipo de alimento.

    • Monitoramento contínuo com registros automáticos.

  • Manipulação higiênica

    • Uso de EPIs (touca, máscara, luvas).

    • Treinamento contínuo da equipe sobre higiene pessoal e procedimentos corretos.


Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle)


O APPCC é uma metodologia sistemática para identificar e controlar riscos microbiológicos, químicos e físicos. No caso de bolores e leveduras, pontos críticos podem incluir:

  • Recebimento de matérias-primas – Inspeção visual e análise microbiológica para detecção precoce.

  • Processamento térmico – Tratamentos como pasteurização e esterilização reduzem a carga microbiana.

  • Embalagem – Uso de embalagens herméticas e barreiras contra umidade e oxigênio.

  • Armazenamento – Condições controladas e monitoradas para prevenir crescimento microbiano.



Tecnologias de conservação contra bolores e leveduras


A indústria utiliza diferentes métodos, muitas vezes combinados, para prevenir a proliferação desses microrganismos:

3.1 Conservação física

  • Refrigeração (0 °C a 7 °C) – Retarda o crescimento, mas não elimina microrganismos já presentes.

  • Congelamento (-18 °C ou menos) – Interrompe a multiplicação, porém bolores e leveduras podem sobreviver e retomar crescimento após descongelamento.

  • Secagem – Redução da atividade de água (aw) para níveis inferiores a 0,70, limitando o desenvolvimento fúngico.


3.2 Conservação química

  • Uso de conservantes antifúngicos

    • Sorbato de potássio, propionato de cálcio e benzoato de sódio são aditivos aprovados para inibir fungos.

    • Aplicação controlada, conforme limites estabelecidos pelo Codex Alimentarius e legislação brasileira.


3.3 Conservação por atmosfera modificada (AM)

  • Substituição do oxigênio por gases como CO₂ ou N₂ na embalagem, dificultando o crescimento de fungos aeróbios.


3.4 Conservação por biotecnologia

  • Uso de culturas protetoras (bactérias lácticas) que produzem compostos antifúngicos naturais, reduzindo a necessidade de conservantes químicos.



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Conclusão


A análise de bolores e leveduras em alimentos é uma ferramenta essencial para garantir segurança, qualidade e conformidade legal de produtos alimentícios. Ao longo deste artigo, destacamos que:

  • Bolores e leveduras podem ser naturais e até benéficos em alguns processos, mas sua presença indesejada compromete sabor, odor, textura e vida útil.

  • Micotoxinas produzidas por alguns bolores representam riscos significativos à saúde, sendo necessária a detecção precoce.

  • Métodos laboratoriais padronizados, como cultivo em meios seletivos, são fundamentais para quantificação e identificação confiável.

  • Práticas preventivas, como Boas Práticas de Fabricação (BPF), APPCC, controle de umidade, temperatura e uso de conservantes, são a primeira linha de defesa.

  • Tecnologias modernas de análise rápida e sistemas de monitoramento contínuo tornam a gestão de bolores e leveduras mais eficiente, garantindo produtos seguros e duradouros.


Em resumo, a integração entre análise laboratorial rigorosa e controle preventivo na indústria é indispensável para proteger consumidores, reduzir perdas e atender aos requisitos legais nacionais e internacionais.



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FAQ – Perguntas Frequentes


1. Qual a diferença entre bolores e leveduras?

  • Bolores são fungos multicelulares que formam estruturas filamentosas e esporos, enquanto leveduras são unicelulares e se reproduzem principalmente por brotamento.


2. Todos os bolores e leveduras são perigosos?

  • Nem todos. Alguns são benéficos em processos fermentativos, mas espécies indesejadas podem alterar sabor, textura e até produzir micotoxinas.


3. Como o laboratório realiza a análise?

  • Utilizamos métodos padronizados de cultivo em meios seletivos, diluições seriadas, incubação controlada e contagem de UFC/g, garantindo resultados confiáveis.


4. Quanto tempo leva para obter o resultado?

  • O prazo depende do tipo de alimento e método, geralmente entre 5 a 10 dias para análises clássicas, podendo ser menor em métodos rápidos como Petrifilm™ ou PCR.


5. Por que é importante monitorar bolores e leveduras mesmo em alimentos com conservantes?

  • Conservantes retardam, mas não eliminam completamente a proliferação fúngica. Monitoramento garante que limites legais e padrões de qualidade sejam cumpridos.



 
 
 

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